Portugal apresentou na última semana uma atividade pandémica de “intensidade muito elevada” e com “tendência crescente”, revela o relatório das linhas vermelhas publicado semanalmente pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e pela Direção-Geral da Saúde (DGS). A mortalidade por Covid-19, apesar de ainda ter “impacto elevado”, revela uma “tendência decrescente”, mas os internamentos em unidades de cuidados intensivos (UCI) estão a subir.

A variante Ómicron é “dominante” em Portugal, notifica o INSA, que indica que houve um “aumento muito acentuado da circulação” da variante, que já tem uma “proporção de casos estimada de 92,5%”. Apesar de o relatório destacar que a Ómicron apresenta “menor gravidade”, o aumento de casos que se regista em Portugal já coloca uma pressão “elevada” nos serviços de saúde, tendo “impacto na mortalidade” e nas hospitalizações.

“Dado o rápido aumento de casos, mesmo tendo em consideração a menor gravidade da variante Ómicron, é provável um aumento de pressão sobre o todo o sistema de saúde e na mortalidade”, lê-se no relatório, destacando-se ainda que “a capacidade de rastreamento de contactos de casos e de rapidez da notificação laboratorial revela sinais de pressão”.

Na última semana, aliás, foram realizados mais de 1,7 milhões de testes à Covid-19, tendo-se observado um “aumento no número de testes, em especial dos testes rápidos de antigénio”. A proporção dos realizados cujo resultado foi positivo situou-se nos 10,6% (era de 6,7% no último relatório), um valor “com tendência crescente” e muito acima do limiar de 4%.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O relatório refere que nos últimos sete dias estiveram envolvidos “no processo de rastreamento“, em média, 767 (mais 129 do que na semana anterior) profissionais a tempo inteiro. “Foram ainda notificados em menos de 24 horas 64% dos casos e 40% de todos os casos notificados tiveram todos os seus contactos rastreados e isolados em 24 horas.”

Número de internados em UCI com tendência “crescente”, mas ainda não chegou ao nível de alerta

O número de internados em UCI aumentou face à semana passada, representando já 62% do limiar definido como crítico de 255 camas ocupadas. A tendência é “crescente” — subiu +10% face aos sete dias anteriores.

De realçar ainda as diferenças territoriais. A região do Norte é aquela em que existe um maior nível de alerta, perfazendo 81%. Segue-se o Centro com 79%, o Algarve com 61%, Lisboa e Vale do Tejo com 52% e o Alentejo com 10%.

Incidência com “tendência fortemente crescente”

Em todas as regiões de Portugal continental, a incidência cumulativa ultrapassou os 960 casos por 100 mil habitantes, registando-se uma “intensidade muito elevada” e uma “tendência fortemente crescente”. Lisboa e Vale do Tejo é aquela que registou o maior valor (3.519), seguida do Norte (2.676), que teve a maior subida — 110% face à semana anterior.

Verifica-se também “tendência crescente” quando a análise é feito à luz dos grupos etários. Enquanto a faixa dos 20 e aos 29 anos é aquela apresenta uma maior incidência cumulativa (5.109 casos por 100 mil habitantes), o grupo daqueles com 80 ou mais anos “apresentou uma incidência cumulativa a 14 dias de 767 casos por cem mil habitantes”, algo que representa um “risco de infeção mais de três vezes inferior ao apresentado pela população em geral”. No entanto, mesmo nestas idades, existe uma “tendência fortemente crescente”. 

Em relação ao índice de transmissibilidade — R(t) –, reportou-se uma “tendência marcadamente crescente”, situando-se nos 1,32. O Centro, o Alentejo e o Algarve viram este parâmetro aumentar, ao passo que, no Norte e em Lisboa e Vale do Tejo, o R(t) começou a abrandar.