Mais de 105.000 pessoas manifestaram-se este sábado em França contra o passe sanitário e as vacinas, quatro vezes mais do que na anterior mobilização de 18 de dezembro, indicou o Ministério do Interior. Este aumento na mobilização ocorre após declarações do Presidente Emmanuel Macron de que queria “chatear” os não vacinados.
As declarações de Macron no início da semana provocaram uma tempestade política quando estava a ser analisado na Assembleia Nacional o projeto de lei para transformar o passe sanitário em passe vacinal, impedindo que os não vacinados recorram à realização de testes para ir ao cinema, a um estádio ou a um espetáculo, comer num restaurante ou viajar longas distâncias num transporte público.
A lei foi aprovada na quinta-feira pela câmara baixa do parlamento francês e seguiu para o Senado. Os protestos decorreram em dezenas de cidades, em Paris, três cortejos juntaram 18.000 pessoas e no resto do país foram mais 87.200 pessoas nas ruas, segundo o Ministério do Interior.
Dez polícias ficaram feridos e 34 pessoas foram detidas. Em Montpellier a polícia teve que usar gás lacrimogéneo para restabelecer a ordem.
Na entrevista que deu ao jornal Le Parisien, Emmanuel Macron também acusou os refratários à vacinação contra a covid-19 de serem irresponsáveis e, com essa irresponsabilidade, de não serem cidadãos franceses.
Afirmando-se “chocado e magoado” com as declarações de Macron, que considerou “discriminatórias e insultuosas”, um reformado francês não vacinado apresentou na quarta-feira uma queixa simbólica contra o chefe de Estado francês por “difamação e ameaças públicas por parte de uma autoridade”.
“Impõem restrições que respeito, mas acho insuportável questionar a cidadania dos não vacinados”, disse à AFP o queixoso, Didier Lalande, de 63 anos.
A pressão continuava este sábado forte nos hospitais franceses, com mais de 3.800 doentes com Covid-19 nos cuidados intensivos (mais 243 em 24 horas), segundo a agência de saúde pública francesa.
A doença matou mais de 125.349 pessoas desde o início da epidemia na primavera de 2020. Nas últimas 24 horas foram registadas 143 mortes.
No total, 79% da população francesa recebeu uma dose da vacina e 77,1% tem a vacinação completa. Mais de 28,2 milhões já têm a dose de reforço.