Luís Marques Mendes acredita que as próximas semanas serão decisivas na definição do vencedor das próximas eleições legislativas. Para o comentador, o resultado, neste momento, é uma incógnita: “Ao contrário de 2019, agora tudo está em aberto e ninguém pode facilitar”.
No seu habitual espaço de comentário, na SIC, o antigo líder social-democrata fez uma avaliação da primeira semana de debates televisivos, a começar pela performance de António Costa: “Mudou muito em relação a 2019. Em 2019 foi bastante negligente. Tinha as eleições ganhas á partida. Agora, está um verdadeiro profissional. Ganhou os vários debates. A necessidade aguça o engenho. Está assertivo e acutilante. O debate com Jerónimo de Sousa foi a prova disso. ‘Matou’ o PCP sem dó nem piedade”, começou por elogiar o social-democrata.
“Tem uma mensagem política clara e única: esta crise era desnecessária; o país precisa de estabilidade; só uma maioria absoluta do PS pode garantir estabilidade. Parece Cavaco Silva em 1987, depois de uma crise igualmente impopular.”
Apesar dos elogios, o comentador não tem dúvidas. “O maior adversário de António Costa nesta eleição não é qualquer partido. É o cansaço da governação. São os seis anos de governo. Para muitos portugueses há uma sensação de esgotamento.”
Igualmente positiva, para Mendes, tem sido a prestação de Rui Rio. “Não começou bem a semana mas terminou-a em alta. No debate com André Ventura caiu na armadilha de discutir os temas do Chega, mas acabou a semana em alta: os debates com Francisco Rodrigues dos Santos e Rui Tavares correram-lhe francamente bem; e a apresentação do programa eleitoral foi um momento de boa eficácia política.”
“Rui Rio acabou com a grande fragilidade que tinha: a falta de propostas alternativas. Agora, passou a ter uma política alternativa clara: um ‘choque fiscal’ moderado para promover o crescimento da economia. Uns concordam, outros discordam. Mas o vazio que existia deixou de existir.”
A par dos dois grandes protagonistas destas eleições, Marques Mendes não deixou de falar sobre Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. A primeira, diz, “está a fazer pela vida”; o segundo, argumenta, tem sido uma “desilusão”. Mas o maior problema dos dois, acredita, não é esse. “PCP e BE têm um problema difícil de ultrapassar: o chumbo do OE e a criação de uma crise altamente impopular.”
Em contrapartida, Marques Mendes elogiou Rui Tavares como a grande surpresa. “Demonstra preparação e conhecimento; segundo, é assertivo e acutilante sem ser deselegante”, nota. Comparando-o a Carlos Guimarães Pinto, da IL, o social-democrata não escondeu a admiração pelos dois. “A democracia plural só ganhava com a presença de cada um deles no Parlamento.”
À direita, avaliações diferentes. Para Marques Mendes, André Ventura tem continuado o seu caminho de “futebolização da política” mas está a tornar-se uma “picareta falante“, uma fórmula que a médio prazo se vai esgotar. Francisco Rodrigues dos Santos está “melhor nos debates do que está nas sondagens” e João Cotrim Figueiredo, mesmo sem brilhar, está numa posição mais confortável que o CDS.
Marques Mendes deixou uma última nota sobre o PAN: “Está a lutar pela sobrevivência e corre o risco de desaparecer. Não é responsável pela crise mas corre sérios riscos com o voto útil”, rematou.
A terminar, uma certeza: segundo Marques, na próxima semana o Conselho Consultivo da PGR vai dar luz verde à votação das pessoas que estão em isolamento.