O judoca Jorge Fonseca e o atleta do triplo-salto Pedro Pichardo reconheceram esta terça-feira a honra pela condecoração feita pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mas pedem maior apoio para as modalidades.
“É uma honra e estou muito feliz por ter recebido este prémio e espero repetir daqui a uns anos. Significa muito, é o valor do meu trabalho, o reconhecimento do Presidente da República pelo país”, confessou Fonseca, medalha de bronze na categoria de -100kg nos Jogos Olímpicos de Tóquio2020.
Após receber a distinção de Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique no Palácio de Belém, o judoca português deixou, contudo, algumas críticas à importância que se dá ao futebol em Portugal, pedindo maior atenção e visibilidade para as modalidades.
“Acho que Portugal para ter mais Jorges Fonsecas precisa de investir na modalidade, só investem e falam de futebol. Fiquei um bocado triste ao ver televisão no final do ano [2021] e só falavam de futebol. Os atletas olímpicos não foram reconhecidos pela televisão portuguesa. Acho que deviam dar mais valor às modalidades, que têm muito para crescer em Portugal, e só falamos em futebol. É um bocado triste”, lamentou.
Jorge Fonseca acredita que “se o judo, o atletismo e outras modalidades forem mais valorizadas e tiverem mais destaque social, vamos ter mais Jorges, Patrícias [Mamona], Pichardos, e muitos atletas vão crescer.”
“Em Portugal só vivemos uma realidade, a do futebol. A mim deixa-me triste, mas é a nossa realidade e tive que aprender a viver com isso. É triste olhar para a televisão e só ver futebol e os medalhados olímpicos só serem reconhecidos durante cinco segundos. Por causa disso também não temos mais grandes atletas e podíamos ter muitos mais”, acrescentou.
Além de lamentar a falta de apoio às modalidades, o judoca revela ter objetivos bem definidos para os Jogos Olímpicos de Paris2024 e confessa já ter planeado os festejos na companhia do chefe de Estado.
“O objetivo agora é trabalhar para Paris, quero ser campeão olímpico nos Jogos Olímpicos de Paris. Em Tóquio não consegui realizar o meu objetivo, mas espero em Paris conseguir e dançar um pimba com o Presidente da República nesse momento histórico da minha vida”, avançou o novo Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique.
Tal como Fonseca, o campeão olímpico do triplo-salto em Tóquio, Pedro Pablo Pichardo, não escondeu o orgulho por ter recebido esta terça-feira a Grã-Cruz da Ordem do Mérito e defendeu igualmente “mais apoio às modalidades e não só ao futebol.”
“Tem um significado muito importante. A nível pessoal, estou muito orgulhoso por ser distinguido pelo Presidente da República e acho que para a modalidade também é muito importante para continuarmos a trabalhar para elevar o nosso nível”, afirmou, frisando ser “sempre bom e gratificante ser reconhecido, ainda mais quando é pelo senhor Presidente da República.”
Para Paris, embora o ciclo olímpico seja mais reduzido [três anos), Pichardo sublinha estar “confiante no trabalho” desenvolvido e não ver nenhum problema na preparação.
“Na nossa vida não temos que colocar pressão, só temos que estar focados e trabalhar. Agora estamos a trabalhar para os Mundiais, de pista coberta e ao ar livre, para estar saudável e tentar atingir o melhor dos resultados”, concluiu.
O atleta paralímpico Norberto Mourão, por sua vez, defendeu que a atribuição do grau de Comendador da Ordem do Mérito é “algo extraordinário.”
“É um momento alto, em que viemos ter com o nosso Presidente para sermos condecorados por uma pessoa que nos deu tanto apoio, desde início, e fez questão de estar connosco antes de irmos para Tóquio. Para nós é um orgulho estar aqui presente e ser condecorado”, afirmou Mourão, medalha de bronze nos 200 metros VL2 da canoagem em Tóquio.
Já Miguel Monteiro, também bronze no lançamento do peso F40 nos Jogos Paralímpicos de Tóquio2020, foi igualmente agraciado com a insígnia de Comendador da Ordem do Mérito e considerou ser “muito gratificante ser condecorado pelo senhor Presidente da República”.
“Qualquer atleta tem em vista vários objetivos, principalmente os Jogos Paralímpicos e a conquista de medalhas. E o facto de o senhor Presidente nos ter condecorado só mostra que ele está atento a nós, tanto ao mundo olímpico como paralímpico, e é um fator ainda mais motivacional para continuarmos a trabalhar para atingirmos melhores marcas e resultados”, destacou Monteiro.