O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) afirmou esta quarta-feira existir um “sério risco de um novo conflito armado na Europa” devido às investidas russas na Ucrânia, avisando Moscovo de “consequências severas” perante uma escalada militar.
“Há um sério risco de um novo conflito armado na Europa, mas é exatamente por isso que a reunião de hoje [esta quarta-feira] e as outras reuniões que se realizam esta semana são tão importantes porque faremos o que pudermos para prevenir um novo conflito armado”, disse Jens Stoltenberg, numa conferência de imprensa realizada em Bruxelas.
Nas declarações após uma reunião entre Moscovo e a Aliança Atlântica (Conselho NATO-Rússia) sobre a escalada militar russa na fronteira com a Ucrânia, o responsável acrescentou: “Essa é a razão pela qual somos tão claros na nossa mensagem à Rússia, de que estamos prontos a sentarmo-nos e a rever um longo leque de questões como controlo de armas, limites recíprocos de mísseis ou muitas outras questões para prevenir um novo conflito armado”.
Ainda assim, Jens Stoltenberg vincou que a NATO “está de olhos bem abertos”, pelo que “também transmitiu uma mensagem à Rússia de que, se utilizarem a força militar, haverá consequências severas, como sanções económicas, sanções políticas”.
“E fornecemos apoio prático à Ucrânia para reforçar a sua capacidade de se defender”, acrescentou.
O líder da NATO lembrou, porém, que a Ucrânia não é membro da Aliança Atlântica, pelo que os aliados apenas lhe podem dar “apoio prático político de muitas formas diferentes”.
“Penso que é muito perigoso começar a especular demasiado sobre este risco real [de conflito armado], mas estamos a abordar essa possibilidade através da promoção do diálogo em boa-fé, mas também, em parte, sendo claros sobre os riscos de rutura dessas conversações”, concluiu Jens Stoltenberg.
A Ucrânia e a NATO denunciaram nos últimos meses a concentração de um grande número de tropas russas perto da fronteira ucraniana, considerando tratar-se do prelúdio de uma invasão.
Os ocidentais receiam uma possível invasão russa do território ucraniano, como a de 2014 que culminou na anexação da península da Crimeia.
O Kremlin (Presidência russa) rejeita ter uma intenção bélica nestas manobras.
A Rússia exigiu, entretanto, a assinatura de tratados que proíbam qualquer futuro alargamento da Aliança Atlântica e o fim das manobras militares ocidentais perto das suas fronteiras, pondo em causa a arquitetura de segurança europeia construída após a Guerra Fria, quando vários países do antigo bloco comunista aderiram à NATO.
Na véspera desta reunião do Conselho NATO-Rússia, no quartel-general da aliança na capital belga, a Rússia anunciou a realização de novos exercícios militares em quatro regiões, três delas junto à fronteira com a Ucrânia, com a participação de quase 3.000 soldados.
O Conselho NATO-Rússia, um fórum de cooperação criado em 2002, não realizava uma reunião formal desde 2019.