O eletricista da Figueira da Foz que está a ser julgado num processo de TV “pirata” admitiu esta terça-feira, ao Tribunal de Coimbra, ter realizado a instalação ilegítima de boxes e routers na casa dos restantes 37 arguidos.
O eletricista é acusado de 37 crimes de burla informática e 38 crimes de fabrico e venda de dispositivos ilícitos, enquanto os restantes 37 arguidos respondem por um crime de acesso ilegítimo e uma contraordenação de detenção de dispositivos ilícitos.
Durante a primeira sessão do julgamento, que teve início esta terça-feira de manhã, no Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra, devido ao elevado número de arguidos, o eletricista João Antunes disse estar “arrependido de tudo isto”.
Ao Tribunal de Coimbra explicou que começou por instalar boxes e routers na casa de amigos diretos, tendo depois alargado a atividade devido ao “passa palavra”, apontando situações em que não foi ele que propôs o serviço.
As boxes e os routers que encomendava e programava para depois instalar em casa dos clientes tinham um custo que “rondava os 95 euros“. O eletricista negou que recebesse o pagamento de qualquer mensalidade ou anuidade pelos serviços.
De acordo com João Antunes, esta atividade foi-lhe trazendo “chatices e prejuízos”, devido à pressão da mulher que “sempre foi contra” e porque houve quem não lhe pagasse logo aquando da instalação ou ainda porque o serviço nem sempre funcionava.
Ao início do julgamento faltaram seis dos restantes 37 arguidos, tendo 24 optado por não falar.
Ainda durante a manhã, o coletivo de juízes, presidido por Rui Pacheco, ouviu os sete arguidos que acederam a explicar em que moldes o serviço de TV ‘pirata’ lhes teria sido instalado.
O arguido Adérito Paim disse não recordar o valor que pagou pela caixa que o vizinho e amigo João Antunes propôs instalar-lhe, mas que pouco depois deixou de funcionar.
Já o arguido António Carvalheiro negou ter feito qualquer pagamento pelo serviço que João Antunes “insistiu em instalar”, mas que “nunca funcionou”.
O arguido Rui Carvalheiro confirmou o pagamento de 170 euros por uma box, sendo este o valor que o eletricista lhe terá pedido.
O Tribunal de Coimbra ouviu ainda o arguido Nuno Simões contar que o eletricista o abordou telefonicamente para a instalação do serviço por 140 euros, mas que tal “não chegou a acontecer porque estava servido”.
O arguido António Leolpondino contou que também lhe foi instalada uma box por 140 euros, que não ficou a funcionar e que foi substituída por uma de 90 euros, mas que acabou por “trabalhar dois meses no máximo”.
O arguido António Palaio sublinhou ao Tribunal de Coimbra que não lhe foi instalada qualquer box para canais de televisão, mas que o eletricista se prontificou a arranjar um amplificador de sinal de internet, que nem lhe chegou a pagar porque não funcionou.
O último arguido a ser ouvido durante a manhã foi Valdemar Gonçalves, que alegou não lhe ter sido instalada qualquer box, tendo sido abordado pelo eletricista a propósito do fotovoltaico que tem em sua casa.
O julgamento prossegue durante a tarde desta terça-feira, no Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra.