O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse esta quarta-feira que a Rússia mobilizou quase 100.000 soldados na fronteira com a Ucrânia e que pode duplicar a sua presença militar muito rapidamente.
“A Rússia concentrou quase 100.000 soldados na fronteira ucraniana, (um número) que pode duplicar num tempo relativamente curto”, disse Blinken numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo ucraniano, Dmitri Kuleba.
Tropas russas chegaram esta quarta-feira à Bielorrússia para exercícios militares conjuntos, um sinal “preocupante”, segundo Washington, que denuncia a existência de outras manobras perto da fronteira ucraniana.
Blinken — que se reunira horas antes com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky — acusou a Rússia de usar todos os meios “no seu manual” para desestabilizar o país vizinho desde 2014, primeiro com a anexação da península da Crimeia e depois com a guerra no Donbass.
“A agressão russa até agora matou mais de 14.000 homens, mulheres e crianças ucranianas, e deixou 1,5 milhões de ucranianos sem abrigo”, denunciou o chefe da diplomacia dos EUA, que apontou o dedo a Moscovo por continuar a “alimentar” o conflito no leste da Ucrânia, onde o Kremlin apoia as forças separatistas em Donetsk e Lugansk.
Além de apoiar a democracia e o “direito de soberania” da Ucrânia, Washington também pretende continuar ajudando Kiev a defender-se, aumentando a ajuda financeira para fins militares, ao longo deste ano.
Temos dado assistência de segurança de forma consistente, incluindo suprimentos nas últimas semanas. Demos mais assistência de segurança à Ucrânia no ano passado do que em qualquer outro momento desde 2014, explicou Blinken.
O secretário de Estado norte-americano prometeu ainda que, “se a Rússia prosseguir com a sua intenção de invadir a Ucrânia, forneceremos material adicional, além do que já está em curso”.
Ao aterrar em Kiev, Blinken já tinha dito que, com os planos russos de enviar mais tropas para a fronteira com a Ucrânia, o Presidente russo, Vladimir Putin, fica com a capacidade de atacar o país vizinho em “muito pouco tempo”.
Blinken chegou esta quarta-feira a Kiev, no âmbito de uma digressão europeia que inclui uma escala em Berlim e um encontro em Genebra, na sexta-feira, com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, com quem falou na terça-feira, por telefone, para lhe demonstrar o “inabalável” compromisso com a integridade territorial da Ucrânia.
Esta quarta-feira, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Ryabkov — que liderou as negociações de segurança com os EUA, em Genebra — reafirmou que Moscovo não tem intenções bélicas face à Ucrânia.
O Ministério da Defesa russo admitiu esta quarta-feira que algumas das suas tropas já chegaram à Bielorrússia, para manobras militares que decorrerão até 20 de fevereiro.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, repetiu esta quarta-feira o “forte apoio” da Aliança Atlântica à Ucrânia, durante uma conversa telefónica com Zelensky, assegurando que não se comprometerá com as exigências da Rússia.
“Falei com o Presidente Zelensky para expressar o forte apoio da NATO à Ucrânia, perante a ameaça russa”, disse Stoltenberg, na sua conta da rede social Twitter, acrescentando que a NATO continuará a pressionar Moscovo para reduzir a escalada de tensão nas fronteiras ucranianas.
Stoltenberg recordou que, como anunciou na terça-feira em Berlim, a NATO está disposta a “envolver-se em mais diálogo com a Rússia”, mas sem “comprometer os princípios-chave” da organização.