Os não vacinados, mas que já tinham estado infetados com Covid-19, estão mais protegidos contra a variante Delta do que as pessoas apenas vacinadas, aponta um estudo da autoridade de saúde dos Estados Unidos da América divulgado na quarta-feira.
Para os Centros de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, apesar destes dados “a vacinação continua a ser a estratégia mais segura” contra o vírus SARS-CoV-2. Contrair a doença expõe as pessoas a complicações sérias, enquanto as vacinas provaram ser extremamente seguras e eficazes, salienta esta autoridade de saúde norte-americana.
O estudo, que analisou casos nos estados de Nova Iorque e Califórnia entre maio e novembro de 2021, foi realizado antes das doses de reforços estarem amplamente disponíveis e do aparecimento da nova variante Ómicron, que representa atualmente mais de 99% dos novos casos de Covid-19 nos Estados Unidos. A variante Delta tornou-se dominante nos Estados Unidos no final de junho do ano passado.
Os resultados da investigação fornecem elementos-chave para analisar de uma forma mais eficaz as diferenças entre a imunidade adquirida pelas vacinas ou devido a uma infeção.
Antes do surgimento da Delta, as pessoas vacinadas e que nunca contraíram a Covid-19 estavam mais protegidas do que as pessoas não vacinadas, mas que já tinham sido infetadas. Após a disseminação da variante, o cenário inverteu-se. Os indivíduos vacinados, mas não previamente infetados, correram menos seis vezes risco de contraírem a doença no Estado da Califórnia e cerca de cinco vezes menos em Nova Iorque.
Este risco foi ainda mais reduzido para pessoas previamente infetadas, mas não vacinadas, sendo o risco 29 vezes menor na Califórnia e 15 vezes menor em Nova Iorque. Sobre o risco de hospitalização, os autores do estudo apenas encontraram uma inversão semelhante entre os dois períodos (antes e depois da variante Delta) na Califórnia.
Para os CDC, estes dados explicam-se devido aos diferentes “estímulos da resposta imune” causados pelo contacto com o vírus real ou com a vacina. Esta reversão também “coincidiu com o início da diminuição da imunidade induzida pela vacina em muitas pessoas”, antes das doses de reforço, acrescentam os autores do estudo.
Os CDC observam que os dados recolhidos sobre a Delta em outros países “também demonstram uma maior proteção para indivíduos previamente infetados, vacinados e não vacinados, em comparação com a vacinação apenas”.
Apesar dos resultados, os autores do estudo garantem que é necessária uma investigação mais aprofundada, para apurar a durabilidade da proteção conferida pela infeção contra cada uma das variantes, incluindo a Ómicron.