Reguladores internacionais, incluindo a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), manifestaram-se esta sexta-feira contra a administração de doses repetidas de reforço de vacinas contra a Covid-19 em intervalos curtos, pedindo uma “abordagem sustentável a longo prazo” para enfrentar a pandemia.
“Ao analisar possíveis abordagens de vacinação contra a Ómicron e outras variantes de vírus, os participantes na reunião concordaram que a administração de doses múltiplas de reforço em intervalos curtos não é uma abordagem sustentável a longo prazo”, informa a EMA em comunicado, após um encontro da Coligação Internacional de Autoridades Reguladoras de Medicamentos (ICMRA).
No encontro promovido pela EMA e pela agência federal do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, os reguladores internacionais vincaram haver “necessidade de desenvolver uma estratégia a longo prazo sobre os tipos de vacinas necessárias para gerir a Covid-19 no futuro”.
“Esta é uma discussão global em curso, que […] exigirá coordenação entre os decisores em matéria de saúde pública a todos os níveis”, refere a agência europeia.
A posição surge numa altura de elevado ressurgimento de casos de infeção com o coronavírus SARS-CoV-2, que ainda assim não se traduz para já em elevadas taxas de internamento ou de morte.
A contribuir para o elevado número de casos, que batem máximos, está a elevada transmissibilidade da variante Ómicron do SARS-CoV-2.
Cinco vezes mais contágios a nível global devido a variante Omicron e mortes a aumentar
Por esta altura, decorre também, em muitos países, a administração de doses de reforço do ciclo primário de vacinação contra a Covid-19 à população adulta, considerando os reguladores internacionais que “está a tornar-se cada vez mais claro que é necessária uma dose de reforço para alargar a proteção da vacina” contra a Ómicron.
“Os participantes concluíram que as vacinas atuais oferecem menos proteção contra infeções e doenças leves causadas por esta variante, porém, a vacinação continua a oferecer uma proteção considerável contra a hospitalização e Covid-19 severa com a Ómicron, especialmente após uma dose de reforço”, defendem.
No que toca à atualização das vacinas contra a Covid-19, a coligação ICMRA encoraja “a comunidade científica internacional e os responsáveis pelo desenvolvimento de vacinas a analisarem abordagens alternativas às vacinas monovalentes”.
“Na opinião dos reguladores, as empresas devem também explorar a viabilidade de desenvolver vacinas bivalentes ou multivalentes para determinar se oferecem vantagens às vacinas monovalentes”, adiantam na nota de imprensa, pedindo estudos clínicos “para apoiar a utilização de uma nova vacina”.
A reunião em causa, realizada em 12 de janeiro e esta sexta-feira divulgada, reuniu delegados representando 24 membros e 13 membros associados, bem como a Organização Mundial de Saúde.
A Covid-19 provocou 5.553.124 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.447 pessoas e foram contabilizados 2.059.595 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
Uma nova variante, a Ómicron, classificada como preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral e, desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta em novembro, tornou-se dominante em vários países, incluindo em Portugal.