O Governo do Iraque pediu este domingo a todos os países para que repatriem os seus cidadãos nacionais que se juntaram às fileiras do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) e permanecem detidos em prisões ou acampamentos de refugiados. Num comunicado divulgado pela agência de notícias estatal iraquiana INA, o assessor da Segurança Nacional, Qasem al Araji, reagia ao motim na prisão de Ghwayran, na Síria, onde intensos confrontos entre jihadistas e curdos, provocaram quase 200 mortos.
Al Araji disse que, tanto o acampamento no nordeste da Síria, Al Hol, onde estão 62.000 reclusos – destes, 45.000 estrangeiros – como a prisão de Ghwayran, “são uma ameaça real para a região e para o mundo”. Defendeu ainda que “na sequência da fuga” desta prisão na Síria, incidente controlado após quatro dias de intensos confrontos, os países cujos nacionais se tenham alistado no EI devem ser ouvidos na matéria.
“A comunidade internacional deve cumprir o seu dever, obrigando os países a extraditar os seus cidadãos militantes do EI, e julgá-los nos seus países”, advogou Al Araji, recordando que o Iraque exigiu a entrega dos extremistas iraquianos que foram capturados pelas Forças da Síria Democrática (FDS), aliança liderada por curdos.
Acrescentou que o facto de que existam mais de 10.000 terroristas pertencentes a 70 países, além dos sírios e iraquianos, no acampamento de Al Hol, “representa uma ameaça para o Iraque e para a região”, e instou a comunidade internacional a “assumir o seu papel neste perigoso assunto”.
Milhares de combatentes do EI e familiares permanecem em prisões ou em acampamentos de refugiados administrados por curdo sírios no nordeste do país, a maioria deles depois de terem sido detidos em 2019, durante a ofensiva para expulsá-los dos últimos territórios que controlavam nessa região.
O EI atacou com uma centena de homens a prisão de Ghwayran, na região de Hassaké, para libertar os seus companheiros amotinados, provocando a morte a 84 membros desta fação e 45 combatentes curdos, segundo dados divulgados este domingo pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
As FDS, lideradas pelos curdos, recuperaram o controlo de quase todo o setor, com exceção de algumas células, com o apoio da aviação da coligação internacional.
Os confrontos puseram em fuga milhares de civis numa altura em que se fazem sentir temperaturas gélidas na região, e, segundo as autoridades curdas apreenderam cintos de explosivos, armas e munições durante o contra-ataque.
Desencadeada em março de 2011 pela repressão às manifestações pró-democracia, a guerra na Síria tornou-se mais complexa ao longo dos anos com o envolvimento de potências regionais e internacionais, e a ascensão dos jihadistas.
Apesar de derrota em 2019, o EI tem conseguido perpetrar ataques mortais através de células adormecidas.
O conflito matou cerca de 500.000 pessoas de acordo com a OSDH, devastou a infraestrutura do país e deslocou milhões de pessoas.