As miocardites são 60 vezes mais frequentes em crianças infetadas com SARS-CoV-2 do que em crianças vacinadas contra a doença. Mais: nos casos, “muito raros”, das miocardites pós-vacinação, a doença cardíaca é “geralmente ligeira” e não deixa sequelas. Já nos casos em que este tipo de infeção do músculo cardíaco decorre da Covid-19, pelo contrário,  os sintomas são geralmente “mais graves”, dão origem a “evolução mais prolongada” e provocam mais frequentemente “complicações e sequelas a longo prazo”.

Estas são algumas das conclusões de um parecer do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares (PNDCCV), da Direção-Geral da Saúde, que o Público divulga esta quarta-feira e que garante que “a vacinação contra o vírus SARS-CoV-2 é segura e eficaz em idade pediátrica”.

“A miocardite por infeção com SARS-CoV-2 sendo cerca de 60 vezes mais frequente, que após a vacinação, pode ter sintomas mais graves, evolução mais prolongada, bem como complicações e sequelas a longo prazo”, alertam Fátima Pinto e Filipe Macedo, os autores do parecer.

De acordo com o texto, as reações adversas provocadas pela vacina no grupo de crianças entre os 5 e os 11 anos são “raras”. Isto inclui não apenas as miocardites, que os autores de “Vacina para Covid-19 em Idade Pediátrica e Lesão Cardíaca: o que sabemos” explicam poder acontecer em três circunstâncias diferentes — “devido à infeção viral, em cerca de 60 casos por 100.000 indivíduos infetados; na doença mais grave, síndrome inflamatória multissistémica por COVID-19 (MISC-C ou PIMS) atingindo cerca de 17,3% dos casos; e após vacinação, com uma incidência de 0,5 a 1 caso por 100.000 indivíduos” —, mas também no que diz respeito à MISC-C.

De acordo com o parecer, em adolescentes vacinados, o risco de desenvolver MISC-C após a infeção diminuiu 91%. “Neste contexto, a vacinação assume-se como uma medida que permite diminuir a potencial gravidade do impacto da Covid-19 nas crianças e adolescentes, sobretudo tendo em conta a evidência científica robusta de que a vacina é segura, inclusivamente para o grupo etário dos cinco aos 11 anos”, cita aquele jornal.

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