Dois jogos, duas vitórias. Depois de 16 jogos feitos por 16 equipas na fase de grupos do Europeu de futsal, só três poderiam dar-se ao luxo de ter um registo 100% vitorioso na competição, prova da competitividade que esta edição organizada em Amesterdão e Groningen trazia. Ainda assim, e ao contrário de Rússia e Geórgia nos grupos C e D, Portugal não estava matematicamente apurado para os quartos. Ficava-se, como se diz na gíria, pelo pé e meio. Depois dos triunfos inaugurais com Sérvia e Países Baixos, seguia-se um encontro com a Ucrânia para carimbar o passaporte sem que o visto estivesse por completo assegurado. E era esse o ponto fulcral de Jorge Braz antes do último encontro da fase de grupos.

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“Temos vindo a preparar o jogo com a vantagem de ter tido bastantes dias para treinar e consolidar o que temos de fazer. Vamos com tudo, como sempre. É para vencer, ficar em primeiro lugar do grupo e estar na fase seguinte. Todos os jogos vão ser sempre a 100%. Quem não assumir essa vontade de vencer o jogo e de competir a cem por cento durante os 40 minutos, arrisca-se a ter dissabores”, referira o técnico, ao mesmo tempo que destacou já ter dito antes que “seria uma edição extremamente equilibrada”.

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“Sempre disse que a Ucrânia era a equipa mais forte deste grupo. É uma seleção que está sempre nos quartos de final e é de top ranking europeu. O primeiro encontro é sempre complicado e eles viveram isso. Quando acordaram, foi tarde demais e tiveram esse dissabor mas corrigiram logo a seguir. Agora vão querer melhorar ainda mais e qualificarem-se para a fase seguinte. É um tudo ou nada para eles também. Vão estar preocupados para estar na fase seguinte. Temos de nos preocupar connosco. Se tivermos a nossa dinâmica e se formos a equipa de Portugal, criando-lhes dificuldades, temos todas as condições para vencer”, vaticinara ainda, tendo em mente os últimos confrontos com o conjunto de leste.

Em fases finais de Europeus, e depois da derrota por 7-4 no ano de 2003, Portugal derrotou a Ucrânia em 2014 (2-1) e 2018 (5-3). No entanto, nos dois derradeiros encontros de carácter particular, em dezembro de 2018, os conjuntos não foram além de um empate. Essas dificuldades voltaram a sentir-se no reencontro, com Portugal a conseguir apenas furar a resistência do conjunto de leste aos 36′, marcando presença nos quartos para jogar com a Finlândia, que de forma surpreendente assegurou o segundo lugar do grupo B após vencer a Eslovénia (2-1) e beneficiar da derrota da Itália com o Cazaquistão (4-1). Mas nem tudo foi mau para a Ucrânia que, com a derrota dos Países Baixos com a Sérvia, também se apurou tendo uma tarefa mais complicada pela frente, encontrando nos quartos um dos favoritos à vitória, o Cazaquistão.

Os primeiros minutos mostraram bem as dificuldades que Portugal teria no jogo, com a Ucrânia a não ter medo de subir as suas zonas de pressão e a acertar mesmo no poste por Cherniavskyi, na sequência de um movimento 1×1 bem conseguido de Pany Varela que terminou sem a finalização desejada (5′). Pouco depois, foi a vez de Zhurba obrigar André Sousa à primeira grande defesa do encontro (8′). As duas equipas iam criando algumas boas oportunidades para visar a baliza adversária mas até mesmo depois das paragens técnicas para corrigir alguns aspetos táticos o nulo manteve-se mesmo até ao intervalo.

O segundo tempo trouxe outras características à partida, com Afonso Jesus e Bruno Coelho a obrigarem o guarda-redes Tsypun a grandes intervenções numa fase em que Portugal estava por cima no encontro e a conseguir estancar todas as saídas rápidas dos ucranianos que em dois/três toques surgiam com perigo perto da área de André Sousa na primeira parte. Assim, a 13 minutos do final, num misto entre vontade de ganhar o jogo e gestão por saber que nessa fase a Sérvia ganhava aos Países Baixos, a Ucrânia arriscou cedo jogar 5×4, com a Seleção a mostrar mais uma vez que é talvez a melhor seleção do mundo nesta situação de jogo e a criar muito mais oportunidades do que até então até esse momento até inaugurar o marcador a quatro minutos do final por Zicky, a não perdoar no 1×1 com Tsypun descaído sobre a direita.