“Há uma tendência crescente da incidência cumulativa a 14 dias nos grupos etários abaixo dos 20 anos, nos grupos entre os 30 e os 49 anos e nos grupos acima dos 70 anos” e as “crianças com menos de 10 anos (12 428 casos por 100 000 habitantes)” são o grupo com maior aumento da incidência, em relação à semana anterior (+83%)”. Estas são duas das principais conclusões do relatório das “Linhas Vermelhas”, divulgado esta sexta-feira pelo Instituto Nacional Doutor Ricardo Jorge (INSA) em conjunto com a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Fonte: BI SINAVE; Autoria: DGS

Segundo o relatório, “a 26 de janeiro de 2022, a incidência cumulativa a 14 dias foi de 6.496 casos por 100 mil habitantes em Portugal, indicando uma intensidade muito elevada e com tendência crescente”. O INSA e a DGS salientam ainda “a tendência crescente em todas as regiões, mas com sinais de estabilização na região de Lisboa e Vale do Tejo”.

Além das conclusões já referidas no início deste artigo, o relatório Linhas Vermelhas refere que “todos os grupos etários ultrapassaram o limiar de 960 casos por 100 000 habitantes”. Sendo que o mesmo documento refere também que “apesar da incidência cumulativa a 14 dias no grupo etário dos indivíduos com 80 ou mais anos ter apresentado uma tendência crescente, o valor de 1.811 casos por 100 mil habitantes reflete um risco de infeção mais de três vezes inferior ao apresentado pela população em geral”.

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Incidência cumulativa a 14 dias (por 100 000 habitantes), por grupo etário, a 26/01/2022 (variação relativa face à semana anterior)

Frequência relativa das VOC em Portugal nas semanas 01 e 02 (*em apuramento). Fonte: INSA

No grupo etário com 65 ou mais anos que se encontra também “uma incidência cumulativa a 14 dias de 1.980 casos por 100 mil habitantes, o que corresponde a “uma gravidade classificada como muito elevada”, dizem as entidades de saúde. “A variação deste indicador correspondeu a uma tendência crescente”, menciona o mesmo relatório.

Quanto ao número de reprodução efetivo, designado como R(t), para o período de 19 a 23 de janeiro de 2022, foi de 1,16 (IC95%: 1,16 a 1,17) a nível nacional e 1,17 (IC95%: 1,17a 1,18) no Continente, afirmam o INSA e a DGS, que especifica que, “em comparação com os valores apresentados no último relatório, o R(t) aumentou em todas as regiões. “Norte passou de 1,14 para 1,21; Centro passou 1,12 para 1,27; Lisboa e Vale do Tejo passou de 1,05 para 1,08; Alentejo passou de 1,11 para 1,22; e Algarve passou de 1,14 para 1,22, o que sugere uma aceleração do crescimento da incidência de SARS-CoV-2 em comparação com a semana anterior”, adianta-se.

Em relação à “fração de casos com resultado positivo notificados entre os testes realizados para SARS-CoV-2” de 20 a 26 de janeiro de 2022, esta foi de 18,3% (era 15,5% no último relatório), mostrando assim uma tendência crescente. Nos últimos sete dias foram realizados 2.102.547 testes (tinham sido 1.840.967 de testes no último relatório).

“É de esperar a ocorrência de mutações nos vírus ao longo do tempo”

O INSA e a DGS alertam mais uma vez que “é de esperar a ocorrência de mutações nos vírus ao longo do tempo”. “Até ao dia 26 de janeiro de 2022, foi realizada a sequenciação genómica em 26.120 amostras”, referem as entidades. Atualmente, as Variantes de Preocupação (VOC – Variant of Concern, na sigla em inglês), identificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e também por estas entidades, são: “a variante Alpha (linhagem B.1.1.7), a variante Beta (linhagem B.1.351), a variante Gamma (linhagem P.1), a variante Delta (linhagem B.1.617.2 e sublinhagens) e a variante Omicron (linhagem B.1.1.529 e descendentes BA.1 e BA.2)”.

De acordo com o relatório, não são apresentados dados relativos às restantes VOC “uma vez que não são detetados casos há vários meses”. Porém, há uma nota relativamente à linhagem (BA.2) da Omicron “detetada pela primeira vez na amostragem aleatória para sequenciação na semana 52 (27 de dezembro de 2021 a 2 de janeiro de 2022)” em Portugal. “A observação de um decréscimo de ~12% na proporção de amostras positivas SGTF durante a semana 2 (10 a 16 de janeiro de 2022) em Portugal (Figura 8) apontou para um aumento da circulação da linhagem BA.2 nessa semana”, adiantam as entidades. Na semana até 26 de janeiro não se “observou um decréscimo adicional na proporção de amostras” com esta linhagem.

Por fim, em relação à efetividade das vacinas, as entidades referem que “os estudos nacionais de efetividade das vacinas contra a Covid-19 na população com 30 e mais anos, e que compreendem a análise do período de fevereiro a outubro de 2021, sugerem efetividade moderada das vacinas contra a Covid-19 na redução de infeção sintomática (superior a 50%) e elevada na redução das hospitalizações e óbitos associados à COVID-19 (superior a 80%).

Nota editorial — Os números do boletim diário da DGS devem ser lidos tendo em conta duas limitações, que o Observador explica aqui: os valores de internamentos Covid incluem um número substancial de doentes hospitalizados por outras doenças; e há hospitais a seguirem critérios diferentes de contabilização de mortos Covid.