Tinham 12 elementos da comitiva com Covid-19 e um lateral esquerdo teve de ir para a baliza de início com fita adesiva azul para desenhar o número 3 por cima do 16, viram o capitão  expulso com vermelho direto logo no quinto minuto de jogo, marcaram um dos golos do torneio de livre direto, mantiveram tudo mais ou menos em aberto até ao final. As Ilhas Comores foram a grande revelação na Taça das Nações Africanas com uma ida aos oitavos na edição de estreia mas sobretudo por tudo o que tiveram de enfrentar de forma estoica. A outra surpresa, também ela estreante, era a Gâmbia. E de novo frente aos Camarões.

12 casos de Covid-19, o lateral na baliza, um vermelho aos 5′ e a lutar até ao fim – Ilhas Comores tiveram a sua “vitória”

O conjunto de António Conceição, que é o melhor ataque da prova e tem o melhor marcador da competição (o antigo avançado portista Aboubakar), nem sempre teve a capacidade para gerir o contexto do encontro com as Ilhas Comores e acabou por fazer a exibição mais apagada, ainda que garantindo o apuramento para os quartos. Agora teria pela frente a melhor defesa, com apenas um golo sofrido em quatro partidas e de grande penalidade. E o técnico português tinha a possibilidade de levar os camaroneses pela terceira vez às meias-finais desde 2002 em Douala, onde se cumpriu um minuto de silêncio em memória das oito vítimas à porta do recinto onde se realizou o encontro com as Ilhas Comores devido a sobrelotação.

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“Temos de ser mais fortes do que o adversário e ganhar. É preciso trabalhar muito, jogar bem e procurar chegar ao golo. Isto é a eliminar e vamos tentar resolver a partida nos 90 minutos. O adversário é difícil, atua com um bloco muito baixo, procurando sempre contra-ataques rápidos. Não é por acaso que chegaram a este momento da competição e também não é por acaso que ficaram apurados para a fase final da CAN. O rival pertence às seleções menos cotadas mas criou muitos problemas às equipas mais favoritas. Temos mantido a matriz desde que chegámos aos Camarões. Estamos mais fortes na motivação e na confiança”, comentara António Conceição, na projeção do primeiro encontro dos quartos.

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A resposta a toda essa antevisão não poderia ser melhor por parte dos camaroneses. Mais concentrados, mais agressivos e com maior capacidade de gerir os momentos do encontro fechando por completo todos os espaços para a saída da Gâmbia, os anfitriões tiveram oportunidades para marcar na primeira parte mas fecharam quase por completo as contas pouco depois do intervalo, naquela que foi a melhor exibição dos Camarões nesta Taça das Nações Africanas e que poderá agora colocar frente a frente dois treinadores portugueses nas meias, caso o Egito de Carlos Queiroz elimine Marrocos este domingo.

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Os Camarões entraram de forma decidida a assumir o encontro, algo consentido também pela Gâmbia em termos estratégicos mas sem capacidade de sair em transições, e dominaram por completo até ao intervalo que chegou sem que Onana tivesse sequer de fazer uma defesa. Do lado contrário, e já depois de um remate de Hongia por cima, Aboubakar voltou a assumir-se como protagonista mas desta vez sem fazer a diferença, entre um cabeceamento a rasar o poste pouco depois de uma hora e outro lance pelo ar que Gaye conseguiu travar quase por instinto. O nulo não explicava o que se passara mas era uma questão de tempo.

Em menos de um quarto de hora, o conjunto de António Conceição resolveu a partida, materializando a superioridade desde o primeiro minuto com dois golos de Toko Ekambi que deixaram o Douala Stadium ao rubro: primeiro o avançado de Lyon apareceu de forma oportuna na área a desviar de cabeça um lance individual com grande cruzamento de Fai (50′), depois surgiu ao segundo poste a encostar de pé direito após assistência de Hongia na esquerda (57′). Hongia pelo meio ainda podia ter marcado mais um perante a desorientação da Gâmbia mas a eliminatória estava resolvida com os Camarões nas meias-finais.