O Banco BPI fechou o exercício de 2021 com lucros de 307 milhões, o que compara com o resultado de cerca de 105 milhões no ano anterior, ou seja, o banco liderado por João Pedro Oliveira e Costa praticamente triplicou o resultado anual – um resultado positivo que superou as expectativas do próprio banco, como reconheceu o banqueiro em conferência de imprensa esta quarta-feira. Uma conferência de imprensa em que o banqueiro mostrou satisfação pelo resultado das eleições de domingo e pediu aos acionistas do Novo Banco clareza sobre os seus planos.

Na atividade em Portugal, o resultado líquido recorrente do BPI mais que duplicou, para 200 milhões de euros, face aos 84 milhões registados em 2020. Esse é um resultado que inclui custos não recorrentes com reformas antecipadas e rescisões voluntárias: o banco gastou 179 milhões em 2021 nesse processo (no ano anterior esse custo tinha sido de 66 milhões). A “esmagadora maioria” das 144 pessoas que saíram foi em processos de reformas antecipadas, indicou João Pedro Oliveira e Costa.

Além do resultado em Portugal, o BPI obteve 106 milhões de lucro em Angola (com a participação no BFA) e 23 milhões no moçambicano BCI.

Tal como fez Pedro Castro e Almeida, do Santander, também João Pedro Oliveira e Costa mostrou alguma satisfação pelo facto de um partido (o PS) ter obtido uma maioria absoluta nas eleições do último domingo. Sem querer “roubar o trabalho a quem hoje tem a profissão de comentador político”, o presidente do BPI defendeu que “este resultado traz claramente uma vantagem, uma clarificação para o futuro“. Isto porque, acrescentou, “reduzem-se os fatores de incerteza para o futuro, ao mesmo tempo que dá mais responsabilidade para quem governa”.

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João Pedro Oliveira e Costa diz que Portugal está perante “uma grande oportunidade, um momento histórico, não só pelos apoios da dita bazuca e do PT2030 – estamos a falar de 61 mil milhões de euros até 2029, só em Portugal”, além dos investimentos que também vão ser feitos noutros países e que também são uma oportunidade para os bancos e para as empresas portuguesas. “Temos um vento de popa muito significativo“, afirmou o presidente-executivo do BPI.

O responsável comentou, ainda, que tem a esperança de que, no novo contexto político, o Orçamento do Estado para 2022 seja o último que contenha uma contribuição especial pedida ao setor bancário. “É uma penalização que eu não entendo – os bancos não foram parte do problema, estão a ser parte da solução“, atirou João Pedro Oliveira e Costa, pedindo que prevaleça “o bom senso” e essa taxa (criada como extraordinária) seja eliminada.

O BPI pagou 18,8 milhões na contribuição sobre o setor bancário, além de mais 3,6 milhões no adicional de solidariedade aplicado ao setor. Estes são “custos regulamentares” que se somam aos 8,5 milhões de euros pagos para o Fundo de Resolução nacional”, que financiou a resolução do BES.

Novo Banco. Lone Star “não é um player normal na banca”

Tema que o banqueiro não quis comentar alongadamente foi o da possível venda do Novo Banco, numa altura em que se admite no setor que o BPI, controlado pelo espanhol Caixabank, poderá ser uma das instituições interessadas na compra da instituição. Questionado pelo Observador, João Pedro Oliveira e Costa repetiu que “o nosso acionista tem vindo a afirmar que neste momento em Portugal estamos completamente concentrados no crescimento orgânico, pelo que não estamos especificamente a olhar para nenhuma oportunidade de aquisição“.

Porém, o responsável pediu aos jornalistas que, em vez de perguntarem aos outros bancos do sistema se estão ou não interessados em comprar o Novo Banco, deve-se perguntar aos seus acionistas o que é que planeiam fazer, já que o acionista maioritário do Novo Banco, o Lone Star, “não é um player normal na banca”. “Talvez fosse importante perguntar aos próprios o que pretendem fazer”, comentou.

Sobre os resultados, o produto bancário do BPI registou um crescimento de 7,6% face ao período homólogo e também a margem financeira continuou a mostrar resiliência com uma subida de 1,2% em termos homólogos para 456 milhões, mesmo num cenário de taxas de juro baixas e concorrências nos spreads de crédito.

Por outro lado, o banco aumentou a receita com comissões em 18% face ao período homólogo: 288 milhões de euros. “Para este crescimento contribuiu o forte dinamismo na venda de fundos de investimento e seguros de capitalização, bem como o aumento das comissões bancárias associadas a crédito e a contas e das comissões de intermediação de seguros”, diz o banco.

“Os resultados de 2021 mostram que o BPI está numa forte posição para continuar a apoiar as famílias e as empresas no caminho para a recuperação económica”, diz o presidente do banco, em comunicado de imprensa. “O banco continua a investir na qualidade dos serviços, na expansão da banca digital e na melhoria da experiência dos clientes, o que explica a confiança que os mesmos depositam no BPI, evidenciada pelo crescimento das quotas de mercado”, notou João Pedro Oliveira e Costa.

Olhando para 2022, “iniciamos agora um novo exercício com a confiança de dispor de uma elevada capitalização e posição de liquidez, uma equipa coesa e uma visão estratégica para o crescimento e a sustentabilidade, para a qual contamos também com o apoio do nosso acionista CaixaBank”, acrescentou João Pedro Oliveira e Costa.