Meta, a holding que controla o Facebook, estava esta quinta-feira a recuar 26% em Wall Street e a apresentar a maior perda de capitalização bolsista alguma vez vista na praça nova-iorquina, de 230 mil milhões de dólares.

Este desempenho, que coloca a sua capitalização bolsista em 670 mil milhões de dólares (586 mil milhões de euros), resulta dos resultados e das perspetivas que apresentou na véspera, pior do que os investidores esperavam.

No último trimestre de 2021, o conglomerado das redes sociais apresentou lucros de 10,3 mil milhões de dólares (9,1 mil milhões de euros) no quarto trimestre, menos oito por cento homólogos, e revelou que o seu número de utilizadores ativos diários tinha baixado pela primeira vez.

A Meta admitiu que teve problemas em reter a atenção dos utilizadores, por causa da concorrência e por estes passarem mais tempo com os Reels, um formato de vídeo curto inspirado da aplicação TikTok, “que gera taxas de remuneração menos elevadas” do que os formatos da Instagram.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Facebook perde utilizadores pela primeira vez. Ações da Meta caem mais de 20%

Acima de tudo, o grupo tinha avisado que as regras impostas pela Apple, em 2021, em termos de seleção de destinatários para envio de mensagens publicitárias, podiam ter consequências negativas para os seus resultados financeiros no último trimestre do ano.

Na atualização do iOS, o seu sistema de exploração móvel, a marca da maçã impôs aos editores de aplicações a apresentação de um pedido de autorização antes de recolherem os dados dos utilizadores, para grande transtorno de sociedades como a Meta, cujo modelo económico repousa sobre a venda de publicidade muito dirigida em função dos gostos e hábitos dos consumidores.

Esta mudança ética e técnica “afeta a capacidade de a Meta de avaliar o desempenho das campanhas publicitárias”, explicou Debra Aho Williamson, analista da eMarketer. “Estimamos que alguns anunciantes começaram a sair da Meta no final de 2021 e no início de 2022, para testarem canais digitais alternativos”.

Estes são os primeiros resultados que o grupo publica desde que mudou de nome, no final de outubro.

O presidente da Meta, Mark Zuckerberg, tinha então anunciado que a sociedade ia concentrar-se sobre o metaverso (contração de meta e universo), considerado em Silicon Valley como o futuro da internet, depois da era dos computadores e da dos smartphones.

Neste futuro, que remete para a ficção científica, o publico vai utilizar óculos de realidade aumentada e capacetes de realidade virtual para se encontrar, trabalhar ou divertir.

Mas a sua construção implica investimentos de dezenas de milhares de milhões de dólares no ramo Facebook Reality Labs, sem obter lucros durante um prazo longo.

A queda bolsista desta quinta-feira provocou uma contração acentuada da riqueza de Zuckerger, que assenta nas ações da empresa, que encolheu 30 mil milhões de dólares para 86 mil milhões, segundo a revista Forbes.