No último trimestre de 2021, já tinha soado o primeiro alarme: o Facebook relatou 2,91 mil milhões de utilizadores mensais ativos, exatamente os mesmos do que no trimestre anterior. Agora, esta quarta-feira, tocaram as sirenes: pela primeira vez em toda a sua história — e já lá vão 18 anos desde que Mark Zuckerberg e companhia lançaram a rede social, a partir da Universidade de Harvard — o Facebook viu o seu número de utilizadores diários cair, de 1,930 mil milhões para 1,929 mil milhões. Relata a agência Reuters, a reação dos mercados foi praticamente imediata e as ações da Meta (assim se renomeou a empresa, em outubro do ano passado) caíram mais de 20%.

Com esta perda, esfumaram-se também 200 mil milhões de dólares do valor de mercado da empresa que, já no fim de 2021, tinha avisado que o futuro não se adivinhava especialmente risonho — “incerteza significativa” foi a expressão utilizada pela Meta em relação ao negócio da publicidade no quarto trimestre do ano passado.

A seguir ao Google, a Meta é proprietária da maior plataforma de anúncios digitais do mundo. E não tem visto a vida facilitada pela Apple, que introduziu recentemente alterações nos termos de privacidade do seu sistema operativo, que por sua vez dificultaram o trabalho das marcas, que, no Facebook e no Instagram, não conseguem tão facilmente direcionar os seus anúncios para os utilizadores-alvo, nem tão pouco medir o seu efeito.

Só em 2022, reconheceu Dave Wehner, diretor financeiro da Meta, numa conferência telefónica com analistas, o impacto das mudanças de privacidade da Apple poderá  chegar aos “10 mil milhões de dólares”.

Para este primeiro trimestre a Meta prevê receitas entre os 27 e os 29 mil milhões de dólares. De acordo com os dados apurados pela Refinitiv, os analistas esperavam valores na ordem dos 30,15 mil milhões de dólares.

“É evidente que pela frente há muitos obstáculos, já que a Meta enfrenta novos e duros competidores por receitas publicitárias, como por exemplo o TikTok, e uma vez que se defronta com contínuos desafios à segmentação e medição graças às alterações do iOS da Apple”, disse à agência Debra Aho Williamson, analista da Insider Intelligence.

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