Olhando apenas para os resultados desportivos, dificilmente o FC Porto poderia chegar melhor ao encontro em Arouca antes do clássico com o Sporting. 48 jogos consecutivos sem perder no Campeonato (a última derrota tinha sido em outubro de 2020, em Paços de Ferreira), 15 vitórias seguidas na Primeira Liga, um sem número de registos históricos que colocavam esta campanha como uma das melhores de sempre. Contudo, o final do mercado trouxe uma “derrota”. Não para o clube em si mas para a equipa e, sobretudo, para Sérgio Conceição. E o treinador assumiu isso mesmo na conferência após o encontro com o Marítimo.

FC Porto vence em Arouca, reforça liderança na Liga mas vê Diogo Costa sair de maca

“Sobre o mercado já falámos, não vale a pena continuarmos a falar do mesmo. Estes três jogadores que vieram, não só no FC Porto mas em todo o lado, necessitam do seu período de adaptação. O Rúben [Semedo] vem com alguns quilos a mais, vai ter alguma dificuldade nesta fase inicial. O Eustáquio fez um treino, porque teve Covid-19 e depois foi para a seleção e o Galeno não vem a 100% em termos físicos, só fez um treino. Mas é para isso que estamos cá, para trabalhar e conseguir tirar o melhor deles. É isso que tenho a dizer sobre o mercado”, relativizara agora o técnico antes da deslocação a Arouca, não deixando de assumir que os objetivos que tinha em mente antes do mercado ficam agora mais complicados de atingir.

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“Tem que ver com a saída de três jogadores [Corona, Sérgio Oliveira e Luis Díaz]. Entraram jogadores também. Em termos de quantidade, saíram mais do que aqueles que entraram. Em termos de qualidade, neste momento, é inequívoco. O Luis Díaz estava a ser uma peça super importante. O Sérgio Oliveira contribuía com grande peso no balneário e o Corona, mesmo sabendo que não estava tão bem este ano, dava-nos algo no balneário e na abordagem aos jogos. Fazem parte do passado. Bola para a frente mas com critério. Vamos trabalhar os três reforços para que sejam verdadeiramente reforços. Queremos estar fortes”, comentara, colocando uma espécie de ponto final na questão sem deixar de defender o seu ponto de vista.

Era uma espécie de novo capítulo da época de um FC Porto que tinha o objetivo de chegar ao clássico com o Sporting tendo pelo menos seis pontos de vantagem. Sérgio Conceição definia o mês de fevereiro como algo “importante mas não decisivo”, recordando que nem mesmo ganhando todos os encontros este mês os azuis e brancos ganhariam títulos, mas sabia também que um triunfo em Arouca era um passo importante para consolidar o percurso do Campeonato e era por isso que falava numa “final” depois de uma semana limpa em que conseguiu voltar a ter todos os elementos. E foi também durante essa semana que houve uma espécie de premonição de Vitinha nas redes sociais, quando o médio colocou no Twitter uma imagem com o amigo e companheiro de clube e seleção Fábio Vieira dizendo “Deixa para quem sabe”. Assim se decidiu o jogo.

Com Pepe e Zaidu de regresso às opções iniciais na defesa, e com Uribe ainda no banco perante a resposta de Grujic com o Marítimo (além de ter quatro cartões amarelos e estar em risco para o clássico), o FC Porto teve uma entrada com maior andamento logo a abrir apesar de o primeiro remate muito por cima ser de Boukia (10′) e conseguiu um sinal de perigo inicial por Fábio Vieira, a aproveitar o espaço entre linhas para entrar na carreira de tiro e atirar a rasar o poste da baliza de Victor Braga (12′). Pouco depois, Zaidu teve mais uma boa descida pela esquerda, cruzou para o desvio vitorioso de Evanilson mas o golo acabou por ser invalidado por fora de jogo do nigeriano no início da jogada (20′). Os dragões assumiam a partida mas sem golos.

Essa acabaria por ser a tónica de uma primeira parte onde os azuis e brancos tiveram sempre o controlo do jogo mas sem chegar da melhor forma ao último terço para criar oportunidades. Fábio Vieira ainda voltou a arriscar a meia distância, Evanilson teve mais um remate perigoso desviado por um defesa contrário mas os minutos foram passando e, entre protestos por várias pequenas decisões de Hélder Malheiro e um erro bem mais visível num pontapé de Leandro em Fábio Vieira, o intervalo chegou sem golos e com Sérgio Conceição a ver um cartão amarelo já depois do apito para o descanso por palavras dirigidas ao árbitro.

Controlando por completo as saídas do Arouca, o FC Porto teria sobretudo de encontrar outras formas de chegar à baliza de Victor Braga e voltou a arriscar a meia distância por Fábio Vieira, sem sucesso (48′). Não era a forma de lá chegar que funcionava mal mas sim o intérprete e, perante a falta de saída sobre o portador dos médios da casa, Vitinha combinou com Fábio Vieira no espaço entre linhas, ganhou ângulo fora da área no corredor central e rematou para um grande golo que inaugurou o marcador (54′). Sérgio Conceição já tinha três alterações preparadas, com as entradas de João Mário, Galeno e Taremi, e não só manteve essas opções como viu pouco depois o encontro ficar resolvido com o segundo golo de Mbemba, a surgir ao segundo poste a desviar cruzado após cruzamento largo de Fábio Vieira num livre lateral (57′).

Daí até ao final, o FC Porto controlou a partida, teve mais duas boas oportunidades por Taremi e Evanilson para aumentar a vantagem e impediu que o Arouca tivesse sequer uma chance para visar a baliza. E foi daí que veio a única má notícia da noite: Diogo Costa saiu a um cruzamento, caiu mal, esteve cerca de dez minutos a ser assistido e deixou o relvado de maca, deixando de ser totalista na Liga e dando lugar a Marchesín. Se Pepe deu uma grande resposta no regresso, o guarda-redes levantou muita preocupação.