A frequência da linhagem BA.2 da variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2 tem aumentado em Portugal e regista uma maior circulação no Norte, Algarve e Lisboa e Vale do Tejo, anunciou esta terça-feira o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
“Em Portugal, a linhagem BA.2 foi detetada pela primeira vez em amostragens aleatórias por sequenciação na semana de 27 de dezembro de 2021 a 2 de janeiro de 2022. A sua frequência relativa tem aumentado paulatinamente desde então, tendo atingido cerca de 3% na semana de 24 a 30 de janeiro”, refere o relatório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) sobre a diversidade genética do coronavírus que provoca a Covid-19.
Segundo o documento do INSA, esta linhagem BA.2, que partilha características genéticas com a BA.1, regista maior circulação nas regiões Norte, Algarve e Lisboa e Vale do Tejo. As duas linhagens da variante Ómicron – BA.1 e BA.2 – “descendem da mesma linhagem ancestral designada como B.1.1.529 e apresentam um “excesso” de mutações na proteína “spike”, sendo que muitas delas são partilhadas”, explicou o INSA.
Quanto à BA.1, o relatório refere que, de acordo com os dados de sequenciação, a sua frequência manteve-se acima de 90% desde o início deste ano até à mais recente amostragem referente à semana de 24 a 30 de janeiro. No entanto, os dados atualizados mostram uma tendência decrescente da BA.1 na última semana (87,4% a 6 de fevereiro), “provavelmente relacionado com a circulação da linhagem BA.2”, avança o INSA.
Ómicron. BA.2 mais transmissível que BA.1, mas sem razões para alarme
Recentemente, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, adiantou que os especialistas estão a acompanhar a evolução de várias linhagens da Ómicron, incluindo a BA.2. Na mesma ocasião, a responsável técnica da OMS para a pandemia adiantou que esta linhagem da variante Ómicron está a registar uma crescente circulação em países como a Dinamarca e Índia, mas salientou que os dados disponíveis sobre a sua transmissibilidade e severidade ainda são escassos.
“Temos uma boa vigilância a nível mundial para entender as subvariantes da Ómicron. Estamos a trabalhar com milhares de especialistas de todo o mundo para rastrear este vírus e as suas linhagens, incluindo a BA.2, para percebermos melhor as alterações”, assegurou epidemiologista Maria Van Kerkhove.
No âmbito da monitorização contínua da diversidade genética do SARS-CoV-2 que o INSA está a desenvolver, têm sido analisadas uma média de 524 sequências por semana desde o início de junho de 2021, provenientes de amostras colhidas aleatoriamente em laboratórios distribuídos pelos 18 distritos de Portugal continental e pelos Açores e Madeira, abrangendo uma média de 133 concelhos por semana.
A Covid-19 provocou pelo menos 5.748.498 de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse. Em Portugal, desde março de 2020, morreram 20.302 pessoas e foram contabilizados 2.963.747 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde. A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China. A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante do mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.