A sublinhagem BA.2 da variante Ómicron parece ser cerca de três vezes mais transmissível do que a sublinhagem BA.1, mas as vacinas parecem manter-se eficazes a prevenir sintomas ou transmissão. As conclusões são de dois estudos, um em Inglaterra e outro na Dinamarca.

A BA.2 é cada vez mais frequente em Inglaterra e deverá tornar-se dominante nas próximas semanas, tal como já aconteceu na Dinamarca.

Os cientistas dinamarqueses concluíram que a sublinhagem BA.2 se dissemina mais facilmente do que a BA.1 (ou outras variantes) independentemente da idade, sexo ou tamanho do agregado familiar, depois de analisarem 8.500 agregados familiares dinamarqueses entre dezembro e janeiro.

No entanto, os vacinados parecem não ter tanta facilidade a transmitir o vírus como os não vacinados, noticiou a CNBC. E ainda menos se tiverem a dose de reforço, de acordo com um estudo publicado no domingo, mas que ainda não foi revisto por cientistas independentes.

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O que a equipa — que incluiu, entre outros, investigadores da Universidade de Copenhaga e do Ministério da Saúde dinamarquês — verificou foi que a BA.2 é ainda mais hábil do que a BA.1 a escapar-se aos anticorpos criados pelo sistema imunitário como resposta às vacinas.

A Dinamarca tem, neste momento, uma das mais altas taxas de incidência na Europa, mas com uma taxa de mortalidade muito baixa. As autoridades estimam que 80% da população esteja protegida contra o SARS-CoV-2, quer pela vacina ou por infeção, e 60% dos adultos tem a terceira dose. Pela taxa de vacinação e relativa baixa gravidade da Ómicron, a Dinamarca eliminou todas as restrições relacionadas com a pandemia de Covid-19.

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Em Inglaterra, a análise da Agência de Segurança em Saúde (UKHSA) entre 27 de dezembro de 2021 e 11 de janeiro de 2022 também mostra que a BA.2 se transmite mais facilmente dentro do agregado familiar do que a BA.1.

A análise preliminar não encontrou diferenças significativas na eficácia da vacina na proteção contra o aparecimento de sintomas: 9% para a BA.1 e 13% para a BA.2, ao fim de 25 semanas após a segunda dose, e 63% para BA.1 e 70% para BA.2 após a terceira vacina.

Ainda que de formas diferentes, ambos os estudos apresentam as vantagens da dose de reforço contra a variante Ómicron (em qualquer uma das sublinhagens): ainda que o vírus tenha capacidade de se escapar aos anticorpos, a terceira dose reduz a probabilidade de apresentar sintomas e de transmitir o vírus a outras pessoas.

Nenhuma das equipas tem, para já, conclusões sobre a gravidade da doença causada por BA.2 em comparação com a BA.1 ou com outras variantes.

“Claro que é importante continuarmos a monitorizar a situação e tentar alcançar um melhor conhecimento de como estas variantes [sublinhagens da Ómicron] se comportam, mas, até agora, não há nada nestas análises preliminares que motivem preocupação“, comentou Jonathan Ball, professor de Virologia Molecular na Universidade de Nottingham, que não participou no estudo.