O Papa Francisco defendeu esta quarta-feira que a ameaça crescente de uma invasão da Ucrânia pela Rússia deve ser resolvida através de um diálogo sério e considerou que avançar para “uma guerra é uma loucura”.
“Continuamos a implorar ao Deus da paz para que as tensões e ameaças de guerra sejam superadas através de um diálogo sério e para que as conversas no formato Normandia possam contribuir para esse fim”, disse às dezenas de fiéis reunidos na Igreja Paulo VI, no Vaticano, para a audiência habitual das quartas-feiras.
Francisco referia-se ao formato de negociação com a participação dos líderes da Ucrânia, Rússia, Alemanha e França, sobre a região ucraniana do Donbass, controlada em grande parte por separatistas pró-Moscovo. Estas negociações permitiram os acordos de Minsk, que estabeleceram um frágil cessar-fogo entre as tropas ucranianas e as milícias rebeldes naquela região do leste ucraniano.
“Não esqueçamos: a guerra é uma loucura“, acrescentou o Papa, que quis agradecer aos que responderam ao seu apelo para dedicar o dia 26 de janeiro à oração pela paz na Ucrânia.
Nesse dia, Francisco pediu para se rezar pela Ucrânia “para que a fraternidade floresça naquela terra e as feridas, medos e divisões sejam superados” e para que “o diálogo e o senso comum” prevaleçam “entre os responsáveis pela Terra”.
O Ocidente acusa a Rússia de estar a planear um ataque à Ucrânia e reforçou, através da Aliança Atlântica (NATO), os dispositivos militares nos países do leste europeu que fazem fronteira com a Ucrânia: Eslováquia, Polónia, Hungria e Roménia.
A tensão entre a Ucrânia e os russos existe sobretudo desde que a Rússia anexou a província ucraniana da Crimeia em 2014.
Mas a ameaça de um conflito mais sério e abrangente agravou-se, nos últimos meses, com o Presidente russo, Vladimir Putin, a destacar cerca de 100 mil militares para a fronteira com a Ucrânia.
A entrada de vários dos países da antiga zona de influência da União Soviética na NATO, como a República Checa, a Hungria, a Polónia, a Bulgária, a Estónia, a Letónia, a Eslováquia e a Croácia, entre outros, irritaram Putin que, pretende que a Ucrânia não siga o mesmo caminho, na sequência dos movimentos de aproximação dos últimos anos.