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Na Luz, a canção de Elis é sobre Taarabt e Darwin e fala de um sóbrio e um equilibrista (a crónica do Benfica-Santa Clara)

Este artigo tem mais de 2 anos

Contra o Santa Clara, a canção de Elis Regina foi sobre Taarabt e Darwin e falou de um sóbrio e um equilibrista: o médio entrou com o discernimento que faltava à equipa, o uruguaio segurou as pontas.

SL Benfica v CD Santa Clara - Liga Portugal Bwin
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O avançado de 22 anos marcou os dois golos dos encarnados

Getty Images

O avançado de 22 anos marcou os dois golos dos encarnados

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Estabilidade, consistência, equilíbrio. Este triângulo essencial, a base das equipas bem sucedidas, tem andando bem longe do Benfica. Desde que Jorge Jesus saiu, principalmente, que o Benfica não é estável, não apresenta consistência e está permanentemente desequilibrado. Nélson Veríssimo, tal e qual um equilibrista a balançar na corda bamba, tem procurado não deixar que o Benfica caia. E vive, nos últimos dias, o período menos preclitante desde que chegou ao comando técnico da equipa.

Depois da derrota na Luz com o Gil Vicente, que acabou com uma descida de Rui Costa ao balneário para falar com a equipa e uma declaração do presidente encarnado para dar a cara pelo mau momento desportivo e criticar as arbitragens, o Benfica conquistou uma das vitórias mais convincentes da época em Tondela. Este sábado, em casa e frente ao Santa Clara, o objetivo claro era voltar a ganhar e voltar a ganhar bem — demonstrando a tal estabilidade, a tal consistência e o tal equilíbrio.

Ficha de jogo

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Benfica-Santa Clara, 2-1

22.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Hélder Malheiro (AF Lisboa)

Benfica: Vlachodimos, Lázaro, Otamendi, Vertonghen, Grimaldo, Rafa, Paulo Bernardo (Taarabt, 58′), Weigl, Everton (Yaremchuk, 58′), Gonçalo Ramos (Meïté, 76′), Darwin (Diogo Gonçalves, 87′)

Suplentes não utilizados: Svilar, João Mário, Nemanja Radonjic, André Almeida, Morato

Treinador: Nélson Veríssimo

Santa Clara: Marco, Rafael Ramos, Boateng, Villanueva, Mansur, Anderson Carvalho (Gómez, 81′), Morita, Rui Costa (Tagawa, 69′), Barreto (Paulo Henrique, 69′), Ricardinho (Rúben Oliveira, 81′), Mohebi (Nené, 51′)

Suplentes não utilizados: Ricardo Fernandes, João Afonso, Tassano, Romão

Treinador: Mário Silva

Golos: Mohebi (20′), Darwin (gp, 60′ e 62′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Rafa (24′), a Mohebi (28′), a Morita (32′), a Barreto (39′), a Darwin (40′), a Marco (45+1′), a Villanueva (60′), a Weigl (83′)

“Olhando para o jogo com o Tondela, dizer que, se no passado nem tudo estava errado quando os resultados não apareciam, agora, para lá do resultado e da exibição, também nem tudo está certo. Temos de ter consciência de que há coisas que, no processo de evolução da equipa, têm de ser melhoradas tanto no aspeto ofensivo como defensivo. Em função da análise, temos de ir trabalhando diariamente para que a nossa equipa, jogo após jogo, seja mais consistente a atacar e a defender e que depois proporcione os resultados que pretendemos alcançar”, disse Veríssimo na antevisão da partida, acrescentando que o plano para o jogo passava exatamente por “dar continuidade” ao que havia sido feito contra os beirões.

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E as palavras de Veríssimo, acima de tudo, não eram vazias. Se pedia estabilidade, consistência e equilíbrio à equipa, o treinador também a dava: pela primeira vez em muito tempo, o Benfica repetia um onze inicial, mantendo o 4x4x2 e a aposta em Paulo Bernardo e Gonçalo Ramos apesar de João Mário e Yaremchuk já estarem disponíveis e sentados no banco de suplentes. A máxima, claramente, era a mais antiga do futebol — em equipa que ganha não se mexe. Do outro lado, num Santa Clara a dar ainda os primeiros passos sob Mário Silva mas sem perder há cinco jogos, Cryzan e Lincoln eram baixas de peso depois de terem sido expulsos na última jornada, contra o Gil Vicente, e eram substituídos por Barreto e Mohebi.

O Benfica começou melhor, conseguindo repetir a intensidade e o entendimento ofensivo que tinha demonstrado em Tondela, e ficou desde logo muito perto de abrir o marcador num lance em que Gonçalo Ramos falhou o remate à meia volta (3′). Os encarnados jogavam praticamente por inteiro no meio-campo adversário, procurando vencer o bloco baixo do Santa Clara, e iam criando oportunidades essencialmente a partir de passes de rotura. Rafa atirou ao lado na sequência de uma jogada em que a bola passou por praticamente todo o ataque (9′), Darwin falhou o alvo na cara de Marco depois de um grande passe vertical de Rafa (17′) e Vertonghen, num lance em que roubou a bola em zona adiantada e foi receber novamente já na grande área, acertou em cheio no poste (19′). Pelo meio, numa rara aparição açoriana no último terço encarnado, Rui Costa atirou de muito longe para Vlachodimos encaixar sem grandes dificuldades (15′) — e esse momento acabou por ser o tónico para o golo que inaugurou o marcador.

Num lance praticamente isolado, Barreto acelerou na esquerda e lançou Rui Costa, que rematou cruzado para uma defesa apertada de Vlachodimos; na recarga, sem grande oposição de Grimaldo, Mohebi encostou para dentro da baliza deserta (20′). Hélder Malheiro começou por anular o golo, por fora de jogo de Rui Costa, mas o VAR acabou por ditar que o avançado estava em posição regular e o Santa Clara ficou desde logo em vantagem na Luz. A perder, o Benfica caiu a pique no que toca à concentração, ao discernimento e à intensidade e só ficou perto do empate numa única ocasião, com um cabeceamento de Otamendi por cima (33′), enquanto que os açorianos viram Boateng atirar de cabeça ao lado na sequência de um canto (34′).

O Santa Clara fechou-se no próprio meio-campo nos minutos imediatamente a seguir ao golo de Mohebi, obrigando o Benfica a procurar cruzamentos inconsequentes, mas a verdade é que a equipa de Mário Silva até beneficiou de alguma posse de bola nos últimos minutos da primeira parte. Os encarnados não conseguiam circular a bola com velocidade e de forma imprevisível, esbarrando sempre na organização defensiva dos açorianos, e iam sendo travados por exibições pobres: Grimaldo ficou francamente mal no lance do golo, Gonçalo Ramos acumulou perdas de bola, Darwin falhou uma oportunidade flagrante, Everton não conseguia desequilibrar, Rafa não tinha espaço e só Paulo Bernardo, numa posição mais interior, ia oferecendo algo de novo.

Na ida para o intervalo, contudo, o Benfica estava a perder e não tinha feito qualquer remate enquadrado — apesar de Vertonghen ter acertado no poste. Depois de ter derrotado o Sporting nos Açores, o Santa Clara estava a ganhar na Luz, era a sexta equipa a marcar primeiro em casa dos encarnados esta temporada e era o protagonista do terceiro jogo consecutivo em que a equipa de Nélson Veríssimo começava em desvantagem a atuar no próprio campo. No caminho para o túnel, de forma natural, o Benfica foi assobiado pelas bancadas — e a estabilidade, a consistência e o equilíbrio conquistados em Tondela pareciam ruir.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Benfica-Santa Clara:]

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo mas Mário Silva foi obrigado a mexer logo nos primeiros minutos da segunda parte, quando Mohebi sentiu dificuldades físicas e teve de ser substituído por Nené. A lógica do jogo mantinha-se: o Benfica tinha mais bola, estava inserido no meio-campo adversário, mas não conseguia criar oportunidades nem rematar à baliza e tremia defensivamente sempre que o Santa Clara soltava uma transição rápida semelhante à que deu o golo. Nélson Veríssimo nem sequer esperou pela hora de jogo para fazer substituições, trocando Paulo Bernardo e Everton por Taarabt e Yaremchuk, e o avançado ucraniano passou a ser a referência ofensiva da equipa, com Darwin a descair na esquerda.

O empate dos encarnados acabou por aparecer sem que a equipa estivesse propriamente a fazer muito por isso. Rafa sofreu falta de Villanueva no interior da grande área dos açorianos e Darwin, na conversão da grande penalidade, empatou o marcador e marcou pelo quarto jogo consecutivo (60′). Escassos dois minutos depois, o avançado uruguaio bisou e confirmou a reviravolta: Rafa fugiu na direita depois de um passe vindo de trás, combinou com Yaremchuk e o ucraniano cruzou para o poste mais distante, onde Darwin atirou de primeira (62′). Em dois minutos, o Benfica dava a volta ao resultado graças à eficácia de Darwin mas também à clara melhoria da equipa em termos coletivos depois das entradas de Taarabt e Yaremchuk — o marroquino ofereceu uma dinâmica muito superior no meio-campo, voltando a entrar de forma muito positiva a partir do banco, e o ucraniano libertou Darwin, estabelecendo ligações importantes com Rafa e Gonçalo Ramos.

O Santa Clara nunca conseguiu responder à reviravolta, demonstrando incapacidade para soltar as transições rápidas que mostrou na primeira parte, e o Benfica foi gerindo a vantagem com posse de bola e presença no meio-campo adversário, permitindo algum espaço aos açorianos sem deixar que estes construíssem de forma organizada. Meïté ainda entrou, essencialmente para equilibrar o meio-campo e oferecer músculo aos encarnados, e o Benfica soube resguardar os três pontos até ao apito final apesar da exibição intermitente e longe de ter brilho.

Os encarnados venceram o Santa Clara na Luz, encurtaram para quatro e 10 pontos a desvantagem para Sporting e FC Porto e conseguiram prolongar, pelos menos no que toca ao resultado, as boas indicações deixadas contra o Tondela. Num dia em que era preciso vincar a estabilidade, a consistência e o equilíbrio, o Benfica fez-se valer de uma nova versão da canção de Elis Regina sobre Taarabt e Darwin: o primeiro, o sóbrio, entrou em campo com um discernimento que se distinguiu dos colegas de equipa e fez a diferença; o segundo, o equilibrista, continua a ser o salvador de Nélson Veríssimo sempre que o treinador começa a ver a corda bamba a bambolear demais.

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