Os veículos eléctricos usufruem de algumas vantagens face aos seus rivais com motor a combustão. Uma delas prende-se com a maior simplicidade da mecânica, o que permite conceber veículos com frentes mais curtas, de forma a privilegiar o habitáculo, o que só é possível por o motor ser substancialmente mais pequeno face a uma unidade a combustão, e por a caixa de velocidades ter desaparecido, existindo no seu lugar um simples desmultiplicador. A sua condução é também mais simples, uma vez que a ausência de mudanças permite uma aceleração contínua e, por isso mesmo, mais rápida.

A Toyota, o construtor que mais experiência tem em veículos híbridos, mas um dos mais atrasados nos veículos eléctricos a bateria, que apenas este ano irão começar a chegar ao mercado europeu, surpreende continuamente com a abordagem com que ataca a mobilidade eléctrica. Desta vez, porque decidiu abrir mão de dois dos trunfos que caracterizam esta classe de veículos.

As oito patentes requeridas pela Toyota, nos EUA, provam que o fabricante nipónico persegue uma solução que passa pela adopção de uma caixa de velocidades. Como se, em vez da maior marca do mundo, estivéssemos perante uma oficina transformadora, que pega num velho Toyota a combustão e substitui o motor a gasolina ou a gasóleo por outro eléctrico, mantendo o resto do sistema de transmissão, a começar pela caixa de velocidades.

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Se a presença da caixa de velocidades gerou o primeiro motivo de estranheza, o segundo veio do facto de a caixa em causa ser manual e recorrer a um pedal de embraiagem – poderia montar uma embraiagem pilotada, que dispensasse o terceiro pedal –, o que obriga a abrir mão de um importante factor de comodidade. Sobretudo porque este mesmo construtor não monta pedal de embraiagem nos seus híbridos ou híbridos plug-in, que representam a esmagadora maioria das vendas da Toyota, sendo as caixas manuais cada vez menos representativas na gama. Mas a realidade é que as patentes foram registadas e lá está a caixa e a embraiagem, ainda que tudo indique que possam ser opcionais. Mas onde há fumo há (normalmente) fogo e a Toyota não tem por hábito alinhar em registos fictícios apenas para conseguir mais uns cliques.