É uma história viral do “grande capítulo das anedotas familiares” da jornalista Valentina Raffio, que escreve para o El Periódico e que contou tudo no Twitter. Não conseguindo precisar a data do episódio, tudo começou com um telefonema da “santíssima e devota” mãe a contar-lhe que chegou uma carta registada do Vaticano para o pai.

O equivalente a uma Disneyland para o ramo da minha família que vai à missa todos os domingos e reza todas as noites antes de dormir. Receber uma carta do Vaticano é uma notícia em si. Todavia, é ainda mais se vires que chega no nome de uma pessoa que não põe os pés numa igreja desde a primeira comunhão e que, se lhe perguntares, dir-te-á com muito orgulho que a sua única fé é o futebol e o Maradona. E sim, esse é meu pai”, conta a jornalista no El Periódico onde acabou por escrever a história depois de os seus tweets se terem tornado virais.

Estavam reunidos “os ingredientes para o drama”, refere Valentina. Entre as especulações do que poderia estar dentro do envelope, a jornalista apostou numa convocatória para um exorcismo, a mãe acreditou tratar-se de um lembrete para ir à missa e o pai jurava ser uma candidatura para ser o próximo papa.

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“Como toda a família napolitana que se preze”, não tardaram em partilhar a notícia em grupos do WhatsApp e, aí, descobriram que outros membros da família tinham também recebido cartas registadas da cúpula da Igreja. Que seja do conhecimento de Valentina, até hoje, pelo menos dois tios e três primos foram “agraciados” com um documento destes.

Por isso, as perguntas e as gargalhadas não paravam: “Estaríamos prestes a tornarmo-nos na primeira família santificada? Ou nos protagonistas de um thriller da Santa Sé?”, escreve no artigo do jornal espanhol. “Por esta altura, muitos se perguntarão se não era mais fácil ir aos correios buscá-las do que continuar a alimentar o drama”. Porém, o lema da família é outro: “Drama primeiro, realidade depois”.

Detalhe: ninguém contou aos outros o que era a carta depois de a ir levantar.

Dias depois, lá o pai decidiu ir aos correios. “O Papa de Roma não queria ser nosso amigo”, Valentina começa por revelar. O envelope, enviado diretamente do Poste Vaticane (o serviço postal da Santa Sé) “não era nem mais nem menos do que uma multa de trânsito. Por estacionar mal, concretamente”.

A descoberta final? A polícia de Nápoles utiliza os correios do Vaticano, em Roma, como “isco” para entregar multas de trânsito. A jornalista não sabe mais pormenores nem a razão de usarem este método, mas não perde a oportunidade para traçar um paralelo: “Eles roubaram esta ideia do famoso episódio dos Simpsons em que o chefe Wiggum convoca os ladrões de Springfield dizendo-lhes que ganharam um prémio? Apenas para manter o drama e os risos, vamos dizer sim”.

Salvaguardando que a família não se dedica a atos de delinquência, as multas já foram pagas, assegura Raffio “para a tranquilidade, principalmente dos haters do Twitter”.