Esta segunda-feira, Vladimir Putin reconheceu a independência das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, rasgou os Acordos de Paz de Minsk e abriu definitivamente a porta a uma possível guerra em plena Europa. Paralelamente a todas as ondas de choque envolvidas, existe um setor que é sempre dos primeiros a ser colocado em causa devido às viagens e à geopolítica: o desporto. Neste caso específico, o facto de final da Liga dos Campeões desta temporada estar marcada para São Petersburgo, na Rússia.

Com data no próximo dia 28 de maio, a final da principal competição europeia de clubes está agendada para a Gazprom Arena, o estádio do Zenit. Ainda que a cidade esteja afastada do foco principal do conflito entre Rússia e Ucrânia, a incerteza sobre o que pode ou vai acontecer nas próximas semanas deixa o jogo numa situação instável — não só por ser em território russo mas também porque não existem garantias de que as duas equipas finalistas, na altura, estejam disponíveis para viajar até ao país.

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Assim, e de acordo com o The Guardian, a UEFA está já a desenhar planos de contingência e soluções alternativas. Uma delas, de acordo com o jornal inglês, é Wembley, em Londres, onde foi realizada a final do Euro 2020 entre Inglaterra e Itália. Em resposta à publicação, o organismo que regula o futebol europeu limitou-se a indicar que está “a monitorizar a situação constante e atentamente” e que, atualmente, “não existem planos para mudar o local” da final.

De recordar que, devido à pandemia de Covid-19, a UEFA foi forçada a alterar o local das últimas duas finais da Liga dos Campeões, de Istambul para Lisboa em 2020, e de Istambul para o Porto, em 2021. Em teoria, esse pormaior poderia facilitar uma terceira mudança consecutiva, nem que fosse pela experiência — mas as circunstâncias são diferentes. A realização da final de 2022 em São Petersburgo fez parte do acordo entre a UEFA e Gazprom, em maio do ano passado, aquando da renovação da parceria entre as duas partes e do reforço do investimento do fornecedor de gás natural no organismo.

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Alexander Dyukov, presidente do Conselho de Administração da Gazprom, é também o presidente da Federação Russa de Futebol e membro do Comité Executivo da UEFA desde o ano passado. Ou seja, qualquer mudança de plano relativamente à final da Liga dos Campeões teria de passar também pelas mãos de Dyukov — o grande responsável pelo facto de, durante o Euro 2020, a seleção ucraniana ter sido impedida de jogar com uma camisola que apresentava o território do país com a inclusão da Crimeia, a região anexada pela Rússia desde 2014.