O Serviço de Escuta criado em novembro de 2021 pelos jesuítas portugueses, para acolher queixas de possíveis vítimas de abusos sexuais cometidos nas suas instituições, recebeu, em três meses de funcionamento, duas denúncias, informou esta terça-feira a Companhia de Jesus.

Este Serviço de Escuta, criado no âmbito do Sistema de Proteção e Cuidado de Menores e Adultos Vulneráveis, “destina-se a acolher, escutar e apoiar vítimas de abusos sexuais, independentemente da data em que tenham ocorrido”.

Em comunicado publicado no portal PontoSJ, dos jesuítas portugueses, é revelado que o serviço “recebeu, até ao momento, duas denúncias de abusos de menores, envolvendo dois jesuítas já falecidos”.

“As situações relatadas remontam aos anos 50 e 80 [do século XX] e referem-se a toques em zonas íntimas. As vítimas pretendiam dar a conhecer a situação vivida, tendo, por isso, sido acolhidas e escutadas e o seu sofrimento reconhecido”, acrescenta o comunicado.

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Segundo os jesuítas, este serviço “foi ainda contactado por outras vítimas que, relatando abusos ocorridos fora do âmbito da Companhia de Jesus, foram acolhidas, informadas e orientadas relativamente às entidades competentes para receberem os testemunhos e tratarem as denúncias”.

Citada na nota, a coordenadora do Serviço de Escuta, Sofia Marques, manifesta que a Companhia de Jesus “continua empenhada em gerar um clima de confiança e segurança para que as pessoas que foram vítimas de algum abuso possam contar a sua história e receber o acompanhamento que desejem e necessitem”.

“A Companhia de Jesus lamenta profundamente o impacto e o sofrimento que estas situações causaram às vítimas e reza para que possam agora encontrar paz e serenidade”, acrescenta o comunicado.

Este serviço dos jesuítas não tem nada a ver com a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica, liderado pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, com a Companhia de Jesus a pedir “às pessoas que tenham sido vítimas de alguém ligado às suas obras e organizações que não deixem de contactar o Serviço de Escuta mesmo que já tenham dado o seu testemunho à Comissão Independente“.