Um leopardo persa foi resgatado em janeiro depois de ter sido apanhado por uma armadilha que o feriu. Plinga Batifa (ou leopardo Batifa) foi mantido temporariamente no Jardim Zoológico de Duhok, para receber tratamento médico, mas agora tem o seu futuro incerto.
Há seis semanas, depois de ter caído numa armadilha montada por um aldeão que tinha perdido recentemente dezenas de cabras, na área montanhosa de Batifa, na província de Duhok, no Curdistão iraquiano, o animal passou dias ferido e perdido.
Environmental authorities transferred a sedated leopard from the Batifa sub-district after the Panthera was caught by a wolf trap put in place by villagers. He was sent to Duhok Zoo to receive medical treatment. pic.twitter.com/jd6NYPSBRT
— Kurdistan 24 English (@K24English) December 30, 2021
Antes de ser encontrado pelo veterinário Sulaiman Tameer, Batifa caiu de um penhasco de 3o metros, tendo mergulhado num rio e perdido muito sangue, avança o jornal The Guardian.
A armadilha quebrou um osso e rasgou músculos e tendões ao leopardo — com 65 quilos e cinco ou seis anos — que perdeu três dos dentes caninos. O animal teve também a perna traseira direita amputada abaixo do joelho.
A cirurgia foi improvisada numa jaula do Jardim Zoológico. O leopardo foi operado por uma equipa de especialistas internacionais, com o cirurgião holandês Hans Nieuwendijk e o veterinário iraniano Iman Memarian, reunida pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Apesar de Batifa estar a recuperar bem, os veterinários acreditam que possa nunca regressar à natureza porque, sem a perna traseira e três dentes, não pode pular ou caçar. Devido ao stress a que está sujeito, o animal pode representar um grande perigo para os humanos e para si mesmo.
[O leopardo] está com muito medo e, por isso, é muito, muito agressivo. Se ele ficar [no jardim zoológico] só espero que morra rapidamente”, disse o médico Hans Nieuwendijk.
Batifa passa a maior parte do seu tempo numa sala escura de três por quatro metros, que fornece isolamento dos ruídos do jardim zoológico. A sala abre-se para uma área com um espaço de 120 metros, onde o animal se aventura depois de escurecer, quando o zoo está fechado e sem pessoas.
Os veterinários acreditam que o Iraque e o Jardim Zoológico de Duhok carecem de recursos e experiência para criar o leopardo. Assim, defendem que o animal deve ser transferido para outro local porque aquele onde se encontra é o pior para ele.
O melhor é ir a um centro de reabilitação. Caso contrário será um animal cativo e ficará num jardim zoológico por toda a sua vida”, afirma o veterinário Sulaiman Tameer.
A bióloga e fundadora de um programa de conservação de leopardos no Curdistão, Hana Raza, tenta colaborar com o governo para remover o animal do jardim zoológico e do país.
Ainda assim, a posição do executivo é manter Batifa no Iraque, a cuidado das equipas veterinárias e num ambiente apropriado.
Os leopardos persas são encontrados apenas na Turquia, Irão, Iraque, Arménia e nas montanhas do Cáucaso. A espécie está em vias de extinção e estima-se que existam menos de 1.000 na natureza.