Se gosta de pick-ups dignas desse nome, aponte: a nova Ranger Raptor vai começar a chegar aos mercados europeus no último trimestre do ano. Os preços para Portugal ainda não são conhecidos, o que deverá acontecer em meados do ano, altura em que a Ford prevê abrir as encomendas, com a entrega das primeiras unidades a clientes portugueses a acontecer lá mais para o final do ano.
Sob o capot esconde-se, para já, uma certeza e uma dúvida. A primeira é que o diesel de 213 cv e 500 Nm, o 2,0 litros biturbo que já conhecemos da Ranger que ainda está à venda nos concessionários, terá por cá as honras de lançamento. A segunda é que ainda não há garantias que a motorização mais potente da gama, um V6 de 3,0 litros também sobrealimentado, com 288 cv e 491 Nm, venha a ser comercializada em Portugal, por estar exposta à severa fiscalidade portuguesa.
Mas, independentemente da “alma” que a anima, a Ranger Raptor de segunda geração não se poupa a esforços para atrair clientes fora do habitual círculo de utilizadores deste tipo de veículos. São cada vez mais distantes os tempos em que as pick-ups eram modelos ronceiros e rudes, visando satisfazer apenas enquanto veículos de trabalho. Evoluíram (felizmente) para modelos aptos a atrair uma clientela de base mais alargada, virada também para a aventura e os tempos livres, e isso trouxe claros benefícios no que toca, sobretudo, ao conforto e à tecnologia a bordo. A nova Ranger Raptor quer ir mais além ainda, propondo-se compatibilizar aptidões irrepreensíveis em todo-o-terreno com um desempenho civilizado em estrada. A questão é “como”?
Para começar, o desenvolvimento da versão mais radical da pick-up norte-americana foi entregue à divisão Ford Performance. E o caderno de encargos estava longe de ser pouco exigente: havia que conjugar robustez e agilidade com uma imagem entre o agressivo e o desportivo. Tudo isto num modelo com… caixa de carga (cujos trunfos listámos no artigo abaixo).
Para responder à altura, os engenheiros da oval azul decidiram caprichar no arsenal técnico. Exemplo disso é que o novo EcoBoost V6 3.0 biturbo usufrui de um sistema de escape activo, que modula a sonoridade deste motor a gasolina em função da vontade do condutor, o qual pode optar entre quatro “rugidos” distintos (Quiet, Normal, Sport e Baja), bastando para tal premir um botão no volante para mudar a “música”.
Para “levar pancada” sem queixumes, o chassi foi reforçado. A nova Ranger Raptor é robustecida com novos apoios e reforços em pontos específicos (pilar C, compartimento de carga e roda sobressalente). Além disso, conta com uma placa inferior à frente, em aço de alta resistência com 2,3 mm de espessura, para proteger o radiador, a direcção, o cárter do motor e o diferencial dianteiro. A isto acresce um esquema com duplos ganchos de reboque, à frente e atrás, elemento sempre útil na eventualidade da Ranger Raptor atascar e precisar de ser resgatada de um atoleiro.
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As suspensões também diferem da Ranger convencional. À frente, são de duplo braço e este troca o aço por alumínio (em cima e em baixo), enquanto atrás surge um eixo rígido com paralelogramo de Watt , para limitar os movimentos transversais. Para optimizar o conforto em estrada e o desempenho em offroad, os amortecedores passam a ser Fox Life Valve de 2,5 polegadas com bypass interno e óleo infundido com Teflon, reduzindo assim o atrito em 50% face à geração anterior. O bypass permite adaptar electronicamente o amortecimento às condições do piso, com maior ou menor resistência à compressão consoante as condições, podendo variar do endurecimento mais firme dos amortecedores de trás, à máxima força nos últimos 25% do curso do amortecedor. A suspensão trabalha em sintonia com qualquer um dos sete modos de condução seleccionáveis, nomeadamente Normal, Sport e Slippery, para estrada, ou Rock Crawl, Sand, Mud/Ruts e Baja para fora de estrada, programas que ajustam motor, transmissão, ABS, controlos de tracção e de estabilidade, a válvula de escape, bem como a resposta da direcção e do acelerador. Visivelmente, cada um destes modos também se reflecte com alterações no painel de instrumentos e no ecrã central.
Quanto ao sistema de tracção integral, inclui uma caixa de transferência de duas velocidades on-demand (redutoras), que é controlada electronicamente. Ou seja, a Ranger Raptor pode circular com tracção só nas rodas de trás ou com tracção às quatro, podendo bloquear os diferenciais dianteiro e traseiro, para os entusiastas de uma utilização mais radical. Já os que têm espírito aventureiro, mas preferem “ajuda”, contam com o Trail Control, uma espécie de controlo de cruzeiro para o offroad. Como tal, basta definir uma velocidade abaixo de 32 km/k para a pick-up ir avançando no terreno, decidindo por conta própria quando acelera e quando trava, enquanto o condutor se concentra em colocar o veículo no melhor trilho em terrenos mais desafiantes.