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Militares portugueses passaram a semana em treinos na Serra da Estrela, onde as temperaturas se aproximam mais das dos países de leste

Este artigo tem mais de 2 anos

Mal se começou a adivinhar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, militares da Brigada de Intervenção do Exército começaram logo a treinar no local com temperaturas mais próximas das do Leste europeu.

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Cerca de uma semana antes de o primeiro-ministro, António Costa, anunciar que vai mandar militares portugueses para a Roménia para proteger da Rússia as fronteiras daquele país, já os militares portugueses se estavam a preparar no terreno. Militares da Brigada de Intervenção do Exército passaram a última semana a treinar na zona da Serra da Estrela, o local em Portugal onde as temperaturas são mais próximas das do leste europeu.

Segundo apurou o Observador junto de fontes militares, mal a Rússia começou a marcar presença na zona de Donbass e se iniciaram as conjeturas sobre um possível conflito bélico com os russos a entrar em território ucraniano, os militares portugueses começaram logo a preparar-se para o terreno. É, aliás, prática habitual. “Sempre que existe um conflito começamos logo a treinar e a prepararmo-nos para o caso de sermos chamados a intervir”, explicou um militar.

Exército contacta militares na reserva

Neste caso, os militares da Brigada de Intervenção do Exército, os primeiros a serem chamados para as missões internacionais, estiveram a treinar na zona da Serra da Estrela, como mostram as imagens a que o Observador teve acesso. O Exército está já, também, a contactar com militares que se encontram na reserva, e de todas as unidades, incluindo as unidades especiais, para perceber se estão disponíveis para uma missão durante os próximos meses.

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Na manhã de quinta-feira, horas depois de os militares russos terem entrado em território ucraniano, o primeiro ministro António Costa falou ao país e condenou veementemente “a ação militar russa”. Salvaguardou que a NATO não iria “intervir na Ucrânia”, mas que poderia levar a cabo missões de dissuasão em países aliados que fazem fronteira com a Ucrânia e em que Portugal participaria. 

“Como é sabido, Portugal integra este ano as forças de ação rápida da NATO e, nesse quadro, temos um conjunto de elementos que estão disponibilizados para — e com prontidão a cinco dias — se for essa a decisão da NATO, a realização dessas missões de dissuasão”, anunciou, depois de reunir com o ministro da Defesa.

António Costa e o ministro da Defesa João Gomes Cravinho numa visita a militares portugueses numa missão da NATO em Cabul

PAULO VAZ HENRIQUES/GABINETE DO/LUSA

Um dia depois, e com as tropas russas quase a chegarem a Kiev, Costa anunciou que uma companhia do Exército português composta por 174 militares será enviada para a Roménia “nas próximas semanas”. O Observador apurou que os primeiros militares a avançar serão do Regimento de Infantaria n.º 14, em Viseu, que apronta o 2.º Batalhão de Infantaria Mecanizado de Rodas e que depende da Brigada de Intervenção.

“Portugal, para além das forças que este ano tem afetas ao comando europeu da NATO, decidiu antecipar do segundo semestre já para o primeiro semestre a mobilização e o empenho de uma companhia de infantaria que atuará na Roménia e que será projetada nas próximas semanas”, avançou o primeiro-ministro esta sexta-feira.

António Costa falava no Ministério da Defesa Nacional, acompanhado pelo ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, e pelo Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), almirante Silva Ribeiro, depois de ter estado reunido à distância com os líderes dos países membros da NATO para discutir a crise de segurança na Europa à luz da ofensiva militar russa na Ucrânia.

O número total de militares a enviar já estava previsto no plano da participação portuguesa em missões internacionais para 2022, ao abrigo da Tailored Forward Presence da NATO.

“Vários outros países neste momento estão também a antecipar ou a reforçar, ou a decidir reforçar a sua participação junto destes países [limítrofes da Ucrânia] de forma a termos uma posição clara de unidade e de dissuasão relativamente à atuação da Rússia”, acrescentou.

Já em 2020 militares portugueses, no caso 95 militares do destacamento aéreo, estiveram na Polónia numa missão das Forças Armadas para a NATO. Voaram com quatro caças F-16M, militares de manutenção e apoio médico por dois meses num treino que servia precisamente para prevenir e impedir intrusões russas no espaço aéreo da NATO.

O Observador tentou falar com o Estado-Maior-General das Forças Armadas, mas ainda sem sucesso.

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