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As ambições espaciais de Richard Branson estão em queda. Uma aproximação a Putin pode dar-lhe uma ajuda

Este artigo tem mais de 2 anos

Como é que se tira proveito da guerra? Branson quer lançar o primeiro satélite em solo inglês, mas os russos do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, podem recusar colaborar.

Richard Branson
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Quase 900 milhões de dólares investidos e 17 anos de expectativa, Richard Branson fez história a 11 de julho de 2021 ao abrir portas ao turismo espacial

FilmMagic

Quase 900 milhões de dólares investidos e 17 anos de expectativa, Richard Branson fez história a 11 de julho de 2021 ao abrir portas ao turismo espacial

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Uma aproximação a Putin pode ser o impulso que faltava ao magnata que inaugurou o turismo espacial. Depois de alguns falhanços negociais de Richard Branson, os holofotes estão virados para a empresa Virgin Orbit, que está a planear a primeira missão espacial em solo britânico (ainda) para este ano.

Richard Branson inaugurou o turismo espacial. Uma viagem histórica em cinco momentos, com uma homenagem à mãe e a Stephen Hawking

O bilionário está a reunir com ministros com o objetivo de garantir mais lançamentos no Spaceport Cornwall, como noticiado pelo The Telegraph este sábado. O nome referido no artigo é o do ministro da Economia, Kwasi Kwarteng. Já a 9 de fevereiro, durante uma comissão parlamentar, o político sublinhou a importância da respetiva empresa para o mercado de trabalho do Reino Unido.

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Existem 45 mil empregos no setor espacial hoje, e o Reino Unido apoia cerca de 126 mil indiretamente. Estamos a refinar metas sobre como podemos fazer crescer o setor. Como se sabe, isso requer algum investimento, e estamos no processo de alocação do orçamento [de pesquisa e desenvolvimento]”, declarou, cita-o o mesmo jornal britânico.

Os ministros querem fazer coincidir dois eventos importantes para a Grã-Bretanha: a colocação do satélite no espaço com as celebrações do Jubileu de Platina da Rainha, em maio. Contudo, a Virgin Orbit ainda não confirmou a data.

Além disto, noutro artigo também do The Telegraph, é relatado que a guerra na Europa Oriental torna esta missão urgente: o apoio do cosmódromo de Baikonur parece improvável, já que a área é controlada pelos russos do Cazaquistão, e espera-se que estes neguem transportar quaisquer foguetes europeus num futuro próximo.

Soyuz-2.1a rocket booster with Soyuz MS-17 spacecraft launched to ISS from Baikonur Cosmodrome

O cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão

Roscosmos Press Office/TASS

Richard Branson não tem estado em maré de sorte nos negócios. Só para se ter uma ideia, poucas semanas depois de cumprir o marco histórico de ir ao espaço, vendeu uma participação na Virgin Galactic (empresa da qual faz parte a Virgin Orbit) por 300 milhões de dólares (cerca de 269 milhões de euros). Em novembro, repetiu o ato, o que significa que a sua rescisão com a empresa desde o início da pandemia superou os mil milhões de dólares (cerca de 896 milhões de euros).

Depois de um auge de verão quando o homem de 71 anos voou dentro do VSS Unity, as ações caíram mais de 80%. Estranhamente, a Virgin vale menos após alcançar a ambição vitalícia de Richard do que em 2019, quando a empresa abriu.

Vários contratempos, tais como investigações e a renúncia do investidor Chamath Palihapitiya, na semana passada, atrasaram os possíveis progressos da empresa – pode ter sido a primeira a ir ao espaço, mas até agora é só essa a razão pela qual é recordada. Enquanto isso, a Blue Origin e a SpaceX, de Jeff Bezos e de Elon Musk, respetivamente, enviaram turistas ao espaço.

Em 2017, a Virgin liderou um investimento de 85 milhões de dólares (cerca de 76 milhões de euros) na Hyperloop One, uma start up que quer levar o conceito de transporte público para a era espacial, o qual atingiria os mil quilómetros por hora. A este conceito o bilionário intitulou como “o serviço de comboios mais revolucionário do mundo”, garantindo que a viagem de Londres a Edimburgo demoraria apenas 50 minutos (atualmente, de transportes públicos, dura cerca de 4h22).

Até hoje, todavia, não há planos nem parceiros governamentais e a principal concretização foi uma única viagem com passageiros que percorreu 395 metros e só atingiu os 174 quilómetros por hora.

A empresa de Branson atravessou ainda dois despedimentos coletivos, em 2018 e 2021 e, na semana passada, emergiu que terá sido demitida metade da equipa numa medida de contenção de custos. O propósito? Uma mudança estratégica: concentrar-se no transporte de mercadorias em vez do de pessoas. Segundo o The Telegraph, este pode ser encarado como um movimento projetado para aplacar o seu último grande investidor, o DP World.

A promessa de viagens supersónicas, apesar de atraente, não é uma prioridade, já que com o lançamento da (antiquada) rota ferroviária Virgin Trains USA, Brandon acabou por afastar-se silenciosamente do projeto.

3 fotos

Dificuldades em duas negociações no mercado de alta tecnologia pode ser azar, mas três podem assemelhar-se a um padrão. E, para Richard, a aposta na 23andMe, empresa de testes de ADN de Silicon Valley, significou um hat-trick de azar.

Acreditando que a Covid-19 impulsionaria a procura pela confirmação do código genético, a injeção de 600 milhões de dólares (aproximadamente 537 milhões de euros) na 23andMe, avaliou-a em 3.5 mil milhões de dólares (cerca de 3.1 milhões de euros). No final do ano, as vendas aumentaram apenas 3% e as ações caíram mais de metade desde a incorporação.

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