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Richard Branson's Unity22 space voyage
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Vista da curvatura da Terra no VSS Unity

Anadolu Agency via Getty Images

Vista da curvatura da Terra no VSS Unity

Anadolu Agency via Getty Images

Richard Branson inaugurou o turismo espacial. Uma viagem histórica em cinco momentos, com uma homenagem à mãe e a Stephen Hawking

Uma viagem de uma hora transformou Richard Branson num astronauta e abriu a porta ao turismo espacial. Começou há 17 anos, já custou 900 milhões, mas pode valer milhões de milhões. Eis o que fica.

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Quase 900 milhões de dólares investidos, 17 anos de expectativa, muitos avanços e muitos recuos. Tudo para culminar este domingo, 11 de julho, quando Richard Branson conseguiu fazer história e viajar até ao espaço, dando início ao que parece cada vez mais inevitável no futuro: o turismo espacial.

Desde o momento em que a nave-mãe VMS Eve, carregando o VSS Unity onde seguia Richard Branson e a sua equipa, descolou do SpacePort America, no Novo México, até ao momento em que o avião foguete aterrou, no mesmo sítio, passou uma hora. Nesse período, acompanhado por milhões de pessoas em direto, o bilionário britânico teve a oportunidade de chegar ao espaço, flutuar dentro da nave e ver a curvatura da terra, uma experiência que muita gente pode agora vir ter a oportunidade de viver no futuro.

Foi um dia de muitas emoções, que começou com um atraso após uma trovoada noturna durante a madrugada, mas que correu conforme o previsto, com direito a um pequeno concerto no final e muitas celebrações.  “Bem-vindos ao despontar de uma nova era espacial”, anunciou Richard Brason, o bilionário de 70 anos.

Como a Virgin Galactic chegou até aqui e os milhões investidos

Tal como muitas outras crianças, durante a infância Richard Branson tinha o sonho de chegar ao espaço. Essa possibilidade começou a ganhar forma em 2004, quando o empresário e fundador do grupo Virgin (com negócios na área da música, aviação, telecomunicações, entre muitos outros) criou a Virgin Galactic.

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A ideia surgiu depois de Branson ver o avião espacial SpaceShipOne da Mojave Aerospace Ventures lançar um foguete no espaço, o que o levou a comprar os direitos da tecnologia que ganhou o prémio X-Ansari, usada no lançamento desse avião espacial. Nascia, assim, a Virgin Galactic, com a promessa de levar turistas ao espaço (a ideia inicial era dois pilotos mais seis passageiros) já em 2007.

Branson estreia este domingo as viagens turísticas ao espaço. É mais um passo na história, mas com muitos riscos

No entanto, entre vários testes falhados (e outros conduzidos com sucesso), o projeto foi sendo adiado sucessivamente, e teve um rude golpe em 2014, quando o avião VSS Enterprise, num voo de teste, sofreu um acidente após um dos mecanismos ter sido ativado antes de tempo. Como consequência, o aparelho despenhou-se no deserto de Mojave, na Califórnia, causando a morte do copiloto que seguia a bordo da nave. O piloto conseguiu escapar, ficando ferido, graças à ativação do paraquedas.

Este acidente não fez com que Richard Branson baixasse os braços, e o bilionário continuou a investir e a melhorar a tecnologia dos seus aparelhos. Antes do voo histórico deste domingo, a Virgin Galactic realizou três testes com missão tripulada além da atmosfera terrestre. À quarta, Branson decidiu acompanhar a sua equipa e testar a “experiência do consumidor”, com os olhos postos no turismo espacial que espera que arranque em 2022.

Mas, até que tal tenha sido possível, foram investidos muitos milhões na Virgin Galactic, sempre na expectativa de que, no futuro, a empresa pudesse vir a gerar enormes lucros. De acordo com a Fortune, desde 2017 a Virgin Galactic investiu 889,9 milhões de dólares. Até agora foi sempre a gastar. Mas, segundo a mesma revista, as viagens espaciais em 2040 deverão constituir uma indústria com valor superior a 1,5 biliões de dólares. Ou seja, 1,5 milhões de milhões de dólares.

Atraso devido à trovoada e a visita especial de Elon Musk

Com os empresários de olhos postos no futuro do turismo espacial, o início desse mundo de possibilidades começou este domingo, daí que todas as atenções estivessem viradas para a viagem de Richard Branson e da sua equipa.

O evento foi anunciado com pompa e circunstância, e a Virgin Galactic preparou uma emissão especial (que pode recordar aqui), transmitida em direto no site da empresa, nas redes sociais e praticamente por todos os media internacionais, convidando o comediante Stephen Colbert para ser o anfitrião.

Virgin Galactic's Space Plane VSS Unity Launches Richard Branson To Edge Of Space From New Mexico

Trovoada durante a madrugada deste domingo. Devido às condições climatéricas, viagem foi adiada 1h30

Getty Images

O dia, no entanto, começou com alguma apreensão, depois da trovoada que se registou no Novo México — local de onde viria a partir e a aterrar a nave da Virgin Galactics — durante a noite. Devido às condições climatéricas adversas, que poderiam deitar tudo por terra, a Virgin Galactics anunciou que a viagem seria adiada em uma hora e meia, assegurando, no entanto, que tudo estava preparado.

Assim foi e, horas antes de embarcar, Richard Branson recebeu uma visita especial de Elon Musk, o fundador da Tesla e da SpaceX (e um dos seus concorrentes, mas amigo). Musk, que também tem feito um forte investimento na viagens espaciais, decidiu ir até ao Novo México dar apoio ao fundador da Virgin Galactics.

Momentos depois, Branson seguiu de bicicleta até ao SpacePort America, a base espacial localizada no deserto do Novo México, onde foi recebido pela sua equipa — Beth Moses (engenheira aeroespacial e instrutora chefe da Virgin Galactic), Sirisha Bandla (vice-presidente para os assuntos governamentais), Colin Bennett (engenheiro de operações especiais) Dave Mackay e Michael Masucci (pilotos) — já devidamente equipada e pronta para a viagem.

Um voo histórico bem sucedido, em que tudo correu como previsto

Às 15h30, os olhos do mundo estavam na emissão da Virgin Galactic. Os minutos começaram a passar, mas nem sinal do início da viagem. A ansiedade começava a aumentar até que às 15h40, a nave-mãe, batizada de VMS Eve, Eve em homenagem à mãe de Richard Branson, que morreu em janeiro devido à Covid-19, descolava do SpacePort America, carregando consigo o avião foguete VSS Unity (do modelo SpaceShipTwo).

A VMS Eve e o VSS Unity voaram juntos durante cerca de 45 minutos, até atingirem a altitude de 13 quilómetros. Nesse momento, o avião foguete ligou os motores e arrancou, atingindo uma velocidade três superior à do som, atingindo, em poucos minutos, a altitude de 86 quilómetros (chegando assim ao espaço sideral).

Já com os motores desligados, os passageiros experienciaram a gravidade zero durante quatro minutos, o que lhes permitiu sair das cadeiras, flutuar, e espreitar pelas janelas do avião foguete, vislumbrando a curvatura do planeta Terra.

“Penso que, como a maioria das crianças, esperava por este momento desde que era um miúdo. Honestamente, nada nos pode preparar para a vista do espaço. Foi mágico”, viria a afirmar Branson, já em terra.

Depois, o VSS Unity começou a descer rapidamente em direção à Terra, com a cauda do avião foguete a dobrar a 90 graus, até voltar ao normal e o aparelho começar a planar, até aterrar na pista do SpacePort America, como se fosse um avião normal. Eram 16h40, e, uma hora depois de descolar, Branson cumpria o sonho de tornar-se num astronauta.

As imagens da viagem de Richard Branson e da Virgin Galactic ao espaço

Celebrações na pista, o concerto de Khalid e a “aparição” de Stephen Hawking

Enquanto se celebrava na pista do SpacePort America a viagem bem sucedida e se aguardava para ouvir as primeiras palavras de Richard Branson, o evento teve direito a um momento musical.

O músico norte-americano Khalid subiu ao palco para um mini-concerto, onde apresentou um tema inédito, “New Normal”, uma música sobre a pandemia de Covid-19 e que, segundo o próprio, em entrevista à Rolling Stone, foi escrita como foram de  “terapia pessoal”, numa altura em que o cantor se sentia a “gravitar até ao espaço”. Além do novo tema, cujo lançamento oficial está marcado para 21 de julho, Khalid tocou os seus êxitos Better e Talk, para alegria dos presentes. A equipa da Virgin Galactic e convidados registaram o momento, gravando o mini-concerto nos telemóveis.

Pouco depois, foi o CEO da Virgin Galactic, Michael Colglazier, a subir ao palco. Falou num “feito incrível” que a tripulação da empresa tinha acabado de conquistar e, depois, ouviu-se a voz de Stephen Hawking, o cientista que inspirou Richard Branson e que, antes de morrer, disse que gostaria de viajar até ao espaço com a Virgin Galactic. O nome do SpaceShipTwo (o VSS Unity), de resto, foi escolhido precisamente por Stephen Hawking.

Enquanto decorria este momento, Branson corria para os braços da família, abraçando a mulher, os filhos e os netos, a quem dedicou esta viagem. Já no palco, sem conseguir esconder a felicidade e entusiasmo, o bilionário britânico disse que o ir ao espaço é o futuro para toda a gente, principalmente para os seus netos e para as novas gerações.

“Ao ter voado para o espaço consegui ver mais claramente que a Virgin Galactic é a linha espacial para tornar o espaço mais acessível para todos e para transformar a próxima geração de sonhadores em astronautas de hoje e de amanhã”, afirmou Branson.

O início do turismo espacial e as possibilidades para a ciência

Ao terminar o evento, Richard Branson fez um anúncio que deixou muita gente entusiasmada. Em parceria com a Omaze, uma organização de angariação de fundos, a Virgin Galactic vai oferecer viagens ao espaço em 2022, tendo como objetivo angariar dinheiro para doar a associações de solidariedade. Qualquer pessoa pode-se inscrever, até 1 de setembro, e habilitar-se a ganhar dois bilhetes para ir até ao espaço no início do próximo ano.

Conforme anunciou Branson, com a viagem do VSS Unity neste domingo, o mundo assistiu a ao “despontar de uma nova era espacial” e o turismo espacial avizinha-se como uma realidade cada vez mais próxima. “A única forma de encontrar certas coisas é entrar numa nave espacial, ir ao espaço, e experimentar por si mesmo”, afirmou Branson, durante a conferência de imprensa.

A viagem deste domingo tem sido apresentada como a primeira viagem de turismo espacial, embora, oficialmente, Branson tenha ido enquanto membro da equipa da Virgin Galactic e no âmbito de uma teste à experiência do consumidor. No entanto, trata-se de um ponto de viragem e, se até ao momento já havia mais de 600 pessoas, incluindo várias celebridades, na lista de espera para uma viagem no próximo ano, dispostas a pagar mais de 250 mil dólares por uma experiência de uma hora, a expectativa é que haja cada vez mais procura por este tipo de viagem espacial.

A corrida ao espaço de Jeff Bezos, Richard Branson e Elon Musk. Quem vai ganhar?

Acresce que, conforme têm notado alguns especialistas, a viagem espacial deste domingo, além de abrir a porta ao turismo, cria uma série de oportunidades no âmbito da investigação científica, quer ao nível de governos ou de universidades, que poderão aproveitar estas viagens para explorar muitas possibilidades.

No próximo dia 20 de julho, será a vez do New Shepard, a nave da Blue Origin, de Jeff Bezos, voar até ao espaço. O fundador da Amazon também estará a bordo, acompanhado pelo seu irmão Mark Bezos, por Wally Funk, uma mulher de 82 anos que quis ser astronauta mas não lhe foi permitido na sua época, e uma pessoa que pagou 28 milhões de dólares num leilão para participar na aventura. Tal como este domingo, o mundo estará novamente colado aos ecrãs a acompanhar par e passo mais um marco histórico.

Jeff Bezos será um dos passageiros no primeiro voo espacial da Blue Origin

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