E se tivesse uma bola de cristal, um baralho de tarot, um mapa astral… qualquer coisa que, por artes (mais ou menos) mágicas, lhe permitisse prever o futuro? Ou – para os mais céticos – se a ciência lhe desse ferramentas para saber, com a devida antecipação, o que a vida lhe reserva? O que previa? Deixe-nos adivinhar: previa uma vida longa, ganhar muito dinheiro, encontrar o amor da sua vida, ter uma carreira de sucesso, viajar pelo mundo? E no que diz respeito a uma doença grave, um acidente, ficar desempregado ou qualquer outro infortúnio? Ninguém deseja tal coisa – e nem é preciso ter uma bola de cristal para saber isso. Mas será que somos bons a prever o futuro? É isso mesmo que o Laboratório Santander – uma experiência sobre Saúde pretende saber. Com o intuito de ajudar as pessoas a tomar decisões relativamente à sua saúde, presente e futura, o banco promoveu três experiências sociais, assentes na ciência comportamental, que pretendem responder a três questões: “Será que somos bons a prever o futuro?”, “Sabemos avaliar riscos?” e “Sabemos priorizar o que é importante?”.

Na primeira experiência, Rodrigo, Andreia, Bruno, Margarida, Maria e Nuno – com idades compreendidas entre os 19 e os 45 anos – têm dez minutos para se conhecerem e responderem a algumas questões definidas previamente, como “Qual é o seu maior sonho?”, “Tem algum talento escondido?”, “Tem algum hobbie?”, “Tem ou gostava de ter o seu próprio negócio?”, entre outras.  Depois, são desafiados a prever o futuro uns dos outros sob a orientação de Diogo Gonçalves, investigador especialista em tomada de decisão e ciência comportamental e professor universitário e fundador da Nudge Portugal, uma startup na área da saúde.

Nas previsões dos vários membros do grupo surgem possibilidades como viver até aos 100 anos, ganhar o Euromilhões, ser famoso, entre muitas outras coisas que a grande maioria das pessoas gostaria de ter na sua vida. Zero imprevistos. Zero doenças. Mas será que a vida é assim? Na opinião de Diogo Gonçalves, “somos particularmente bons a ignorar probabilidades, e ainda melhores a justificar esse comportamento. Estamos frequentemente errados, mas raramente temos dúvidas”.

O facto de as previsões dos seis participantes na primeira experiência social promovida pelo Laboratório Santander terem sido “100% positivas” tem uma explicação: “enviesamento de otimismo”. De acordo com o especialista em tomada de decisão e ciência comportamental, “os seres humanos estão programados para serem super otimistas acerca do futuro”. Ou seja, de uma maneira geral, todos nós temos “uma falha lógica que dá mais peso às previsões otimistas sobre o nosso futuro”.

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Senão, vejamos: quem poderia prever uma pandemia como a de Covid-19 com todas as suas consequências à escala global? Mas nem é necessário pensar num evento tão pouco provável. Às vezes, basta olhar para o lado e constatar quantas pessoas conhecemos que têm ou já tiveram cancro. Ou pior: calcular quantas podem vir a ter. Segundo dados da Agência para a Investigação do Cancro da Organização Mundial da Saúde, um em cada quatro portugueses tem fatores de risco que podem vir a tornar-se numa doença oncológica. De acordo com as últimas estimativas globais, 10% dos portugueses corre mesmo o risco de morrer com cancro. Também as doenças crónicas afetam mais de metade dos portugueses.

De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, 3,9 milhões de pessoas assumiram ter, pelo menos, uma doença crónica numa lista de 20 (entre as quais estão, por exemplo, enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, disritmia cardíaca, insuficiência renal crónica, doença pulmonar obstrutiva crónica, depressão, etc).

A verdade é que ninguém gosta de pensar em doenças, muito menos, imaginar que pode vir a tê-las. Mas já diz o ditado: “mais vale prevenir do que remediar”. Por isso, calcule bem as probabilidades, ponha o otimismo de parte por alguns momentos e tome a decisão mais acertada para a sua saúde: proteja-a.

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