O Governo moçambicano defendeu esta quarta-feira a “cessação das hostilidades” no conflito entre Moscovo e Kiev e o relançamento de um “diálogo construtivo”, frisando que está em contacto com os moçambicanos que fugiram da Ucrânia devido à invasão russa.

“Apelamos para o exercício da moderação, a proteção da vida humana, a cessação das hostilidades e para o relançamento de um diálogo construtivo entre as partes envolvidas, com vista a uma solução política duradoura”, refere uma nota de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, marcando o primeiro posicionamento oficial do Governo moçambicano.

Para o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, a solução do conflito deve ser baseada nos “princípios cardinais da Carta das Nações Unidas, de modo a garantir a coexistência pacífica das partes em conflito”, que pode ter “consequências nefastas” para a Europa e para o mundo.

O Governo de Maputo reitera ainda que está em contacto com os moçambicanos que fugiram da Ucrânia devido ao conflito, um grupo maioritariamente composto por estudantes e que está a ser apoiado por outros moçambicanos que vivem em países vizinhos.

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Estudantes moçambicanos já saíram da Ucrânia e estão “sãos e salvos”

“Temos neste momento 15 estudantes moçambicanos na Ucrânia, do número total dos estudantes, quatro estão na Polónia, cinco na Hungria, dois na Roménia, uma na Moldávia, dois a caminho da Eslováquia e uma que já se encontra em Moçambique”, acrescenta o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, embora o número de estudantes em Kiev avançado seja diferente do que foi anunciado pelo cônsul honorário da Ucrânia em Maputo, Abílio Soeiro, que indicou esta quarta-feira à Lusa que há 18 estudantes.

Na Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada esta quarta-feira, cinco países votaram contra a resolução exigindo o fim da invasão russa e Moçambique, tal como Angola, absteve-se.

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde a independência) foi um aliado de Moscovo durante o tempo da ex-URSS, tendo recebido apoio militar durante a luta contra o colonialismo português e ajuda económica depois da independência, em 1975.

Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

Número de refugiados ucranianos sobe para 836 mil

O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.