É uma competição que tem como objetivo unir o mundo através do desporto e uma guerra seria o pretexto para a sua interrupção. De acordo com os relatórios dos serviços de inteligência norte-americanos e europeus a que New York Times teve acesso, a China terá pedido à Rússia para atrasar a invasão à Ucrânia para depois de 20 de fevereiro — dia da cerimónia de encerramento dos Jogos Olímpicos de inverno, que este ano tiveram lugar em Pequim.

Os relatórios indicam que os altos dirigentes do Partido Comunista Chinês tinham algumas informações que pareciam indiciar para uma eventual invasão durante os Jogos Olímpicos de inverno ou na semana anterior, o que poderia comprometer a continuidade da competição olímpica. 

Ainda não é claro, no entanto, que esta decisão tenha sido discutida diretamente pelo Presidente chinês, Xi Jinping, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, podendo ter sido, em vez disso, abordada por altos dirigentes dos dois países.

As informações dos relatórios mostram algumas incoerências, mas é certo que a Rússia posicionou tropas ao longo da fronteira com a Ucrânia durante duas semanas. Havia a possibilidade de a invasão começar mais cedo, podendo criar um efeito surpresa às forças armadas ucranianas, algo que acabou por não acontecer.

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Vladimir Putin e Xi Jinping reuniram-se a 4 de fevereiro, em Pequim. Durante o encontro, os dois líderes assinaram uma declaração comum sobre a “entrada das relações internacionais numa nova era”, existindo uma “visão comum da Rússia e da China […] em particular sobre questões de segurança”.

Os dois países mostraram-se ainda “contrários a qualquer futuro alargamento da NATO”, denunciando também a “influência negativa [para o] Indo-Pacífico dos EUA sobre a paz e a estabilidade na região”. Na altura, a Rússia negava, oficialmente, qualquer intenção de invadir a Ucrânia.

Este encontro entre o Presidente chinês e o homólogo russo poderá ter sido para discutir uma eventual invasão, algo que a China não terá impedido — apenas terá pedido para adiar. Após o início do conflito, Pequim tem optado pela neutralidade, não aplicando sanções a Moscovo, mas não apoiando diretamente a entrada na guerra.

A China absteve-se quer na condenação da Rússia pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, quer na condenação pela Assembleia-Geral.