O líder cessante do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, afirmou este sábado que a marca do atual presidente do Governo Regional é de pobreza e considerou que o novo líder dos socialistas é a “escolha certa” para o cargo de chefe do executivo.
Miguel Albuquerque é presidente do Governo Regional há sete anos. E digam-me qual foi uma reforma estruturante, uma medida estruturante que tenha aplicado? Não há uma única reforma, não há uma única medida estruturante“, declarou Paulo Cafôfo.
“A marca que Miguel Albuquerque deixa é a marca da pobreza e a marca da desigualdade“, defendeu o socialista, apontando que, ao mesmo tempo “que se forma uma legião de pobres, constroem-se grandes fortunas”.
Paulo Cafôfo, que se demitiu da liderança do PS/Madeira após os maus resultados nas eleições autárquicas de setembro do ano passado, falava perante os cerca de 500 congressistas que estão reunidos este sábado e no domingo no XX Congresso Regional do partido, onde toma posse o novo líder da estrutura regional, Sérgio Gonçalves, eleito em 19 de fevereiro com 98,6% dos votos.
O presidente cessante dos socialistas madeirenses manifestou-se confiante para as próximas eleições regionais, que se realizam no próximo ano, sublinhando que “essa expectativa positiva não é alheia à liderança do Sérgio Gonçalves”, que considera ser a “escolha certa para ser presidente do Governo Regional da Madeira”.
Acredito em ti, Sérgio, e sei que este é o início de uma melhor Madeira. E sei que serás capaz de imprimir uma nova forma de liderar os destinos da nossa região”, reforçou.
Paulo Cafôfo referiu também, “com vergonha alheia”, que a Madeira “é a região do país com maior índice de pobreza, com menor poder de compra do país e em que nove em cada dez trabalhadores têm o rendimento mensal médio equivalente ao salário mínimo regional”.
Disse ainda que falta à região liberdade, defendendo que há um “medo instituído”, que condiciona a liberdade de expressão dos cidadãos.
O socialista, que será o novo presidente da Comissão Regional do PS/Madeira, realçou, por outro lado, que o governo do PSD, no poder há mais de 40 anos, já “recebeu muitos milhões”, que de nada serviram, uma vez que o arquipélago está “no fim da tabela do campeonato do desenvolvimento”.
Não é por falta de meios que não estamos melhores. Há uma falta de vontade. E aquilo que falta em ambição, sobra em ganância. A ganância que serve para saciar clientelas”, criticou.
Paulo Cafôfo, que considera ter deixado o Partido Socialista reforçado, recusou ainda que seja o PS/Madeira o culpado dos problemas que enunciou, como a pobreza, a desigualdade e os maus salários em setores como a construção e o turismo.
Nós não somos os culpados disto tudo quando é o PSD que governa há mais de 40 anos. Mas a culpa não é também do Governo da República e do António Costa”, disse.
Na cerimónia de abertura do XX Congresso do PS regional, sob o lema “O Início de uma Madeira melhor”, discursaram, além de Paulo Cafôfo, a presidente da Câmara Municipal da Ponta do Sol, Célia Pessegueiro, o secretário-geral adjunto do Partido Africano da Independência de Cabo Verde, Francisco Pereira, e o deputado à Assembleia Nacional da Venezuela Jamón Lopez, por vídeo.
Está prevista para esta tarde a apresentação e votação da moção de estratégia global apresentada por Sérgio Gonçalves, intitulada ‘Pela Madeira: Competência e Compromisso’, e serão também apresentadas, discutidas e votadas 11 moções setoriais apresentadas por militantes.
No domingo, a sessão de encerramento, prevista para as 12h30, conta com os discursos do secretário-geral adjunto do PS nacional, José Luís Carneiro, e do novo presidente dos socialistas madeirenses.
Nas eleições internas do PS/Madeira, em 19 de fevereiro, Sérgio Gonçalves, o único candidato à liderança da estrutura regional, obteve 98,6% dos votos (1.095), num sufrágio em que estavam cerca de 1.600 militantes elegíveis a votar.
O também deputado à Assembleia Legislativa da Madeira sucede a Paulo Cafôfo, que se demitiu do cargo depois dos maus resultados do partido nas últimas eleições autárquicas, realizadas em 26 de setembro do ano passado, nas quais o PS, encabeçando a coligação composta também por BE/PAN/MPT/PDR, perdeu a Câmara do Funchal — que havia conquistado em 2013 — para o PSD/CDS-PP.