A Ucrânia e a Rússia fizeram progressos significativos nas contínuas negociações de paz. Os dois países terão elaborado um plano de paz provisório com 15 pontos, incluindo um cessar-fogo e a retirada das forças russas do país caso a Ucrânia declare neutralidade. O país de Volodymyr Zelensky terá também de aceitar limites para as suas forças armadas, avança o Financial Times que cita três pessoas envolvidas nas negociações.

No entanto, horas depois um dos negociadores do lado ucraniano Mykhailo Podolyak veio afirmar que o documento é ainda e apenas um esboço que só reflete a posição do lado russo.

Mykhailo Podolyak, que é conselheiro do Presidente ucraniano, tinha afirmado ao Financial Times que um acordo para o país teria sempre de passar pela retirada das forças russas do território, em particular dos territórios onde já ganharam terreno a Sul, ao longo de Azov e o Mar Negro, bem como das regiões a leste e a norte de Kiev.

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Segundo o jornal britânico, o rascunho de paz terá sido discutido pela primeira vez na segunda-feira e prevê que a Ucrânia renuncie à vontade de aderir à NATO — já esta terça-feira, o Presidente ucraniano reconheceu que o seu país não poderá integrar a NATO, uma das exigências russas para o fim da guerra. “Ouvimos durante anos que as portas estavam abertas, mas também ouvimos dizer que não podíamos aderir. Esta é a verdade e temos de a reconhecer”, disse-o a Boris Johnson e a ouros líderes europeus, numa reunião da Força Expedicionária Conjunta do Reino Unido.

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Do plano provisório fará ainda parte a promessa, por parte da Ucrânia, de não estabelecer bases militares estrangeiras ou armamento em troca de proteção por parte de aliados como os Estados Unidos, o Reino Unido ou a Turquia. Ainda que pudesse manter forças armadas.

Moscovo e Kiev confirmaram esta quarta-feira progressos nas negociações, a mesma publicação salienta que as autoridades ucranianas temem que Putin esteja apenas a ganhar tempo para reagrupar forças e retomar a ofensiva.

Ainda esta quarta-feira, Sergei Lavrov, ministro russo dos Negócios Estrangeiros, disse que as negociações de paz com a Ucrânia não são fáceis, embora exista esperança em alcançar um compromisso. Em entrevista à RBC News, citado pela Reuters, assegurou que a neutralidade da Ucrânia está a ser “seriamente discutida”.

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“As negociações não são fáceis por razões óbvias”, afirmou. “O status neutro está agora a ser seriamente discutido, claro, com garantias de segurança”, disse Lavrov. Assegurou ainda que pontos-chave nas negociações incluem a segurança das pessoas no leste da Ucrânia e a desmilitarização do país.

Também Dmitry Peskov, segundo a agência de notícias RIA, disse que a ideia de uma Ucrânia desmilitarizada como a Áustria pode ser vista como um compromisso capaz de resultar no fim da guerra. O porta-voz do Kremlin assegurou que esta é uma variável “que está a ser discutida” e que pode “realmente ser vista como um compromisso”. A Áustria tem as suas próprias forças armadas, no entanto, está vinculada à neutralidade pelo Tratado do Estado Austríaco de 1955 e pela sua constituição, que proíbe a adesão a alianças militares, bem como o estabelecimento de bases militares estrangeiras em território austríaco.

Mykhailo Podolyak, que integra as negociações de paz com a Rússia, disse aos media locais que qualquer acordo de paz tem de ter em consideração a soberania ucraniana. “Entendemos a tentativa dos nossos parceiros em permanecerem proativos no processo de negociação”, disse Podolyak, citado pela BBC. “Daí as palavras sobre o ‘modelo sueco’ ou ‘austríaco’ de neutralidade. Mas a Ucrânia está agora em estado de guerra direta com a Rússia.” O modelo, diz, só pode ser “ucraniano” e apenas “com garantias de segurança legalmente verificadas”.