A EDP foi uma das empresas de energia que comprou gás natural à Rússia no ano passado. A elétrica aparece na lista das maiores importadoras em valor de produtos russos, de acordo com informação enviada ao Observador pelo Instituto Nacional de Estatísticas. (INE)

Fonte oficial da elétrica confirmou ao Observador que, em 2021, a “EDP importou uma quantidade de gás proveniente da Rússia equivalente a apenas 9% do consumo total da empresa em Portugal”. Acrescenta a mesma fonte que a quantidade contratada pela EDP “representou apenas 12% do total do gás russo importado por Portugal em 2021”. A elétrica, que é uma grande cliente de gás natural por causa das centrais de ciclo combinado que opera na Península Ibérica (duas em Portugal — Lares e Carregado), esclarece ainda que este ano “não irá contratar gás russo”, tendo como principais origens de abastecimento os Estados Unidos (shale gas) e Trinidad e Tobago. Já no ano passado, os Estados Unidos representaram 80% das compras de gás da EDP.

Na lista das 10 maiores importadoras de produtos russos em valor estão cinco empresas de energia, que é uma das principais exportações do país. Para além da Petrogal e da Galp, que anunciou a suspensão das compras de produtos petrolíferos, nomeadamente o VGO (gasóleo de vácuo) usado para produzir gasóleo rodoviário em Sines, há também duas elétricas espanholas. Uma já tinha sido apontada como a principal compradora de gás russo via Portugal, a Naturgas, e a Endesa, elétrica que opera centrais a gás em Portugal (Pego) e Espanha.

No entanto, o facto de as entradas de gás natural liquefeito via terminal serem contabilizadas como importações da Rússia, isso não quer necessariamente diz que o produto se destine ao mercado português ou fique em Portugal. Pode ser regaseificado e injetado na rede de gasodutos com destino a Espanha. É isso que explica o INE ao Observador: o gás quando entra em Portugal tem de ser declarado, pelo que é registado como importação. A parte que é enviada para Espanha conta como exportação portuguesa.

“O gás natural liquefeito oriundo de Países terceiros é desalfandegado em Sines onde é feita a introdução no consumo. Aí é regaseificado e injetado na rede de gasodutos cujo destino será o consumo interno (território aduaneiro da comunidade), essencialmente portugueses mas alguns  consumidores espanhóis”, explica o INE, ao Observador. Isso explica os valores “da exportações de Portugal para Espanha utilizando as ligações Valença do Minho/Tuy e Campo Maior/Badajoz”, mas “é uma pequena parte”, indica ainda.

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