Foi logo na primeira semana de fevereiro, há mês e meio, que o escândalo rebentou: Marc Overmars, acusado de ter enviado “mensagens inapropriadas” a funcionárias do Ajax, havia sido demitido do cargo de diretor para o futebol do clube de Amesterdão já depois de ter colocado o lugar à disposição. Ora, poucos esperavam que, passado o tal mês e meio, Overmars já tivesse aceitado um novo convite.
Esta segunda-feira, o antigo internacional pelos Países Baixos foi apresentado como novo diretor técnico do Antuérpia, da Bélgica — sem período de nojo, sem que os episódios no Ajax tivessem sido devidamente explicados e sem que ainda seja claro se toda a história vai saltar das páginas dos jornais para os meandros dos tribunais.
Na apresentação, Overmars mostrou-se “arrependido e triste” pela forma como deixou o Ajax ao fim de mais uma década de ligação, sendo que como jogador representou o clube entre 1992 e 1997, e garantiu que as acusações de assédio sexual que precipitaram a saída não irão repetir-se na Bélgica. “Prometo que aquilo que aconteceu no Ajax não se vai repetir. Quero deixar esse capítulo para trás o mais depressa possível. Foi uma saída muito triste mas é preciso superá-la. Há que seguir em frente”, disse o antigo avançado, que vai agora ser um dos principais responsáveis pelo futebol do Antuérpia, que está no terceiro lugar da liga belga a 12 pontos do líder Union SG.
Já Sevn Jacques, o diretor-geral do Antuérpia, defendeu a decisão do clube de contratar Overmars tão pouco tempo depois do escândalo que o afastou do Ajax. “Conversámos durante muito tempo. Ouvimos o que ele tinha para dizer, sabemos o que aconteceu e deixámos claro quais são os nossos valores. Não falámos especificamente do assunto com as funcionárias do nosso clube mas tudo foi discutido. Mas claro, falámos sobretudo sobre futebol”, atirou.