Mário Machado, membro de organizações de extrema-direita e de grupos neonazis, condenado por crimes de ódio racial, não poderá ser aceite na Legião Internacional de Defesa Territorial das Forças Armadas da Ucrânia, o grupo de estrangeiros que combate ao lado das forças ucranianas.

Ao Diário de Notícias, o coronel Sergii Malyk, adido militar da embaixada da Ucrânia em França, diz que “a ausência de condenação por crimes, comprovada através do registo criminal, é um dos critérios chave para a aceitação de candidatos” na legião, pelo que Mário Machado “não pode ser aceite”.

Mário Machado isentado de apresentações quinzenais na esquadra para combater na Ucrânia

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Sergii Malyk, que foi contactado pelo jornal e é quem, segundo a embaixada em Portugal, as perguntas devem ser endereçadas, diz que o nome de Machado vai ser transmitido “a todos os serviços” e pede que lhe sejam notificados outros nomes na mesma situação. “Se sabem de pessoas deste tipo que queiram ir para a Ucrânia digam. Não queremos indivíduos deste género no nosso país”, pediu.

“Queremos impedir a infiltração de elementos criminosos e não confiáveis na Ucrânia e nas suas Forças Armadas”, acrescentou. O diplomata defende ainda que “cabe a Portugal tomar medidas” sendo uma “questão antes de mais portuguesa, porque se trata de um português”.  Os responsáveis contactados pelo DN não esclareceram, porém, de que forma a Ucrânia está a fazer o controlo do cadastro dos combatentes na legião internacional.

Segundo já tinha escrito o Expresso, no início da semana, Mário Machado e a comitiva de 20 pessoas que lidera já saíram de Lisboa, no domingo, com destino à Ucrânia, depois de o Tribunal de Instrução Criminal ter dispensado Machado de se deslocar quinzenalmente à esquadra da polícia para combater na Ucrânia (o Ministério Público já disse que vai recorrer). Parte do grupo vai integrar uma milícia de extrema-direita, em Lviv.

MP vai recorrer de decisão que permitiu a Mário Machado ir combater para a Ucrânia, não se apresentando na esquadra

Mário Machado foi condenado, em 1997, a quatro anos e três meses de prisão pelo envolvimento no assassinato do português de ascendência caboverdiana Alcindo Monteiro, em Lisboa. Foi também, mais tarde, condenado em processos ligados a crimes de discriminação racial, ofensa à integridade física qualificada, difamação, ameaça e coação a uma procuradora da República e posse de arma de fogo.