O Instituto Vulcanológico das Canárias confirmou que a ilha de La Palma também está a ser afetada por uma crise sísmica, tal como aconteceu em setembro do ano passado antes de o vulcão Cumbre Vieja ter entrado em erupção. E tal como está a acontecer também na ilha açoriana de São Jorge desde domingo obrigando a população a preparar-se para um sismo de maiores dimensões ou para uma erupção vulcânica.

Desde as 19h01 de sexta-feira, momento em que a crise sísmica começou, foram registados 46 terramotos em La Palma, 20 dos quais com magnitude igual ou superior a 2 na escala de Richter. A maioria ter origem a uma profundidade entre os sete e os 14 quilómetros, mas os sismos registados no mar têm origem a 30 quilómetros de profundidade.

Os sismólogos e vulcanólogos espanhóis acreditam que, pelo menos por enquanto, a crise sísmica em La Palma não indica a iminência de uma erupção vulcânica do Cumbre Vieja. Pelo contrário, os tremores de terra parecem estar relacionados com o arrefecimento da câmara magmática que até novembro alimentou a erupção do vulcão, não com a entrada de magma na bolsa por baixo dele.

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No início da crise sísmica — que ocorre quando um número anormal de sismos se regista num curto período de tempo —, os sismógrafos detetaram onze tremores de terra nos primeiros 60 minutos, cinco dos quais com magnitude superior a 2 na escala de Richter. Só no período com pouco mais de uma hora entre as 21h06 e as 22h19 houve 13 sismos, dos quais só três estavam abaixo da magnitude de referência.

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O terramoto com maior magnitude foi de 3 na escala de Richter e registou-se por volta das 21h22 de quinta-feira a sudoeste de Villa de Mazo. Teve origem a oito quilómetros de profundidade. O último sismo com uma magnitude superior a 2 foi detetado cerca das 4h30 desta sexta-feira, com hipocentro a 30 quilómetros de profundidade.

Não há indicações de que a crise sísmica em La Palma tenha alguma ligação à que também está a afetar a ilha de São Jorge, nos Açores, uma vez que os dois sistemas vulcânicos são independentes e até se localizam em contextos tectónicos distintas — embora o tipo de erupção esperado nos Açores, caso se concretize, venha a ser semelhante ao de Cumbra Vieja.

Enquanto o vulcanismo açoriano está relacionado com a interação entre três placas tectónicas, que permite a subida de magma por baixo do arquipélago, no caso das Canárias o fenómeno é um hotspot, uma pluma de magma que sobe do manto até à crosta terrestre e vai enchendo uma câmara por baixo do cone vulcânico.

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