Cinco jogos, cinco vitórias, 15 pontos, 20 golos marcados, zero golos sofridos. Olhando apenas de forma fria para os números de Portugal na qualificação para o Campeonato da Europa Sub-21, tudo não passaria de um passeio até confirmar de forma matemática o primeiro lugar e a presença na fase final de 2023 na Roménia e na Geórgia para tentar conquistar o único título europeu ainda em falta para a Seleção em todas as categorias e que continua a ser uma espécie de maldição depois de mais uma final perdida no ano passado.

Na terra do gelo, Celton manteve a Seleção quente antes de Fábio Vieira brilhar: mais uma vitória (difícil) para os Sub-21 portugueses

Ainda assim, e numa visão que tem marcado muito do que é o legado de Rui Jorge ao longo de mais de uma década nos Sub-21, tudo isso contava pouco ou nada para o técnico. Onde podia ter uma crise, pela redução de opções para servir a equipa A, via oportunidades. Onde estava a oportunidade, criava quase “crise”. E foi nessa ótica que o técnico lançou a receção à Islândia que antecedia uma deslocação à Grécia que podia quase fechar as contas, recordando as dificuldades sentidas em Reiquiavique (1-0) com um final de loucos onde os golos podiam ter surgido nas duas balizas e que teve Celton Biai a segurar a equipa nacional.

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“Foi uma preparação um bocadinho atípica, atendendo ao número de jogadores que saíram mas nada que não se resolva. Estamos bem preparados. A Islândia em outubro criou muitas oportunidades e poderia ter marcado. Nós também. Devemos ter bastante cuidado nas bolas paradas. O relvado é excelente mas não é muito largo e eles têm jogadores com capacidade para num lançamento lateral colocarem a bola perto da nossa baliza com uma equipa que em média é bem mais alta. Isso preocupa-me um pouco e vamos tentar manter a bola longe dessas zonas”, tinha avisado Rui Jorge na antevisão do encontro em Portimão.

“Rendimento defensivo como ponto forte? É um facto, os números não mentem mas também é um facto que deixámos criar oportunidades. Estamos a zero mas poderíamos ter três ou quatro golos sofridos. Precisamos de equilíbrio, de solidez e de crescer defensivamente. Em relação ao resto, não gostamos de particularizar mas não deixamos de fazê-lo quando é justo. O Vitinha teve um papel preponderante na nossa equipa nos últimos 21 jogos mas agora está noutro patamar, felizmente para ele e para os que vieram para o lugar dele”, acrescentara, falando do médio portista que subiu à Seleção A a par de Tiago Djaló, reduzindo as opções de Rui Jorge a par dos lesionados Nuno Tavares, Vitinha (o do Sp. Braga) e André Almeida.

Não foi por todas essas ausências que Portugal perdeu os primeiros pontos nesta fase de qualificação, ficando na segunda posição com 16 pontos a um da Grécia que tem mais uma partida realizada. E também não foi por essas ausências que Portugal sofreu o primeiro golo, muito consentido pela defesa nacional. Mais uma vez, o volume de jogo ofensivo não teve a necessária eficácia na hora da finalização entre 22 remates e 13 cantos. Esse sim acabou por tornar-se o principal problema. Desta vez, custou mesmo dois pontos.

Portugal começou a todo o gás com Fábio Vieira e o estreante Fábio Carvalho a pensarem o jogo nacional com muita qualidade à mistura, tendo dois remates com perigo de Paulo Bernardo (6′) e Gonçalo Ramos (8′) que passaram ao lado. No entanto, e quase como se fosse uma prova das palavras de Rui Jorge, seria mesmo a Islândia a inaugurar o marcador na sequência de uma grande jogada de Bjarkason a aproveitar as muitas facilidades concedidas pela Seleção que ficou nos pés de Willumsson após uma má abordagem de Quaresma (17′). Nem assim Portugal quebrou o futebol mais ofensivo, voltando a criar oportunidades por Gonçalo Ramos (21′) e Fábio Vieira (27′) antes do golo do empate pelo Pistoleiro nascido no Algarve, a ganhar um primeiro ressalto e a atirar de pé esquerdo contando ainda com um desvio que traiu Valdimarsson (34′).

O segundo tempo manteve o domínio na posse, nos remates e nos posicionamentos do conjunto de Rui Jorge mas sem tanta capacidade de criação de chances para a reviravolta como na primeira parte, o que levou o selecionador a abdicar de Henrique Araújo e a lançar Francisco Conceição passando para um 4x3x3 que dava maior largura ao jogo ofensivo. Mesmo com alguns movimentos interessantes, a Islândia só mesmo de bola parada conseguia criar perigo, apostando tudo na solidez defensiva para pelo menos aguentar o empate em Portimão e resistindo com esse 1-1 até Hlynsson atirar a rasar o poste na melhor chance dos islandeses de bola corrida no segundo tempo. O encontro iria mesmo chegar ao fim com um empate.