Depois de uma goleada por 11-0 frente ao Liechtenstein a equipa portuguesa de Sub-21, certamente moralizada pelo resultado, ainda que contra uma equipa muito frágil, Portugal deslocava-se esta terça-feira a Reiquiavique para mais um encontro, frente à Islândia, da fase de qualificação para o Euro 2023 da categoria, que se vai disputar na Geórgia e na Roménia. Com a Seleção Nacional a querer fazer três vitórias em três jogos para chegar ao primeiro lugar do grupo, dado que o Chipre-Grécia foi adiado porque os gregos, líderes do grupo, estão a braços com um surto de Covid-19, esperava-se que os islandeses representassem dificuldades muito mais sérias para a equipa portuguesa.

Seria preciso “qualidade” e “simplicidade”, como pediu o selecionador Rui Jorge. “Qualidade. É a palavra mais feliz, contra uma equipa de nível diferente [do Liechtenstein]. Se tivermos simplicidade faremos um bom jogo”, referiu o treinador, acrescentando que a Islândia “defende bem melhor e sai com grande qualidade” (o que até se confirmou). “Teremos sempre o problema das bolas paradas, que poderá ser o nosso handicap. Coletivamente, funcionam bem, em termos defensivos são bastantes corretos, e com transições rápidas. Temos que estar atentos, porque isso pode causar um grande desgaste à nossa equipa”, acrescentou.

Não muito longe do que se esperava, o encontro, disputado em relvado sintético e com condições meteorológicas pouco habituais para os portugueses, começou como se esperava, com Portugal a dominar a bola e trocá-la de forma rápida, ainda que nem sempre rápida o suficiente. A primeira oportunidade até foi de Gonçalo Ramos, logo aos 9 minutos, curiosamente numa jogada de futebol mais direto, começando depois, com alguma surpresa, o show Celton Biai.

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Não é normal, nem se via provavelmente há algum tempo, um guarda-redes português, pelo menos desta categoria, a ter tanto trabalho em tão pouco tempo, mas o jovem guardião do V. Guimarães mostrou estar muito, muito atento. Aos 10, aos 16, aos 19 e aos 22 minutos. E não se pense que foram defesas simples. Junto ao poste, com adversários isolados ou a remates perigosos. Celton negou quatro golos numa altura em que Portugal, estranhamente, não conseguia conter as tentativas da Islândia, que a dada altura deixou a equipa de Rui Jorge um pouco “abananada”, não só com as saídas e bolas paradas, como o treinador tinha avisado, mas também com alguma bola de pé para pé, com tranquilidade.

Portugal também podia ter marcado antes do intervalo, mas nunca teve oportunidades tão gritantes como as adversárias, ainda que Tiago Djaló, à boca da baliza, aos 15 minutos, tenha rematado para trás de forma algo estranha. Aos 23, Fábio Silva, num remate de bicicleta, obrigou o guarda-redes adversário a estar atento, e aos 35, em boa posição, Gonçalo Ramos acertou no ombro do defesa adversário.

Mesmo com estas chances, nenhuma assustou o guarda-redes Andresson como as que incomodaram Biai. Além disso, Portugal mostrava por vezes pouca paciência para trabalhar até arranjar espaços, algo que parecia muito necessário.

Na segunda parte, ainda que a entrada de Portugal não tenha sido muito melhor, a primeira ocasião foi de Fábio Silva, desta vez para uma grande defesa de Andresson, aos 54 minutos, e um instane depois foi outro Fábio, o Vieira, que aproveitou um erro de saída da Islândia e acabou mesmo por fazer o 1-0 para Portugal. Uma receção orientada fantástica do jogador do FC Porto, com a bola a passar basicamente por cima dele, e depois a finalizar para golo. Grande jogada do MVP do último Europeu de Sub-21, que Portugal perdeu na final com a Alemanha, com um golo à altura desse prémio.

Aos 62 minutos, não foi Celton, mas sim Eduardo Quaresma que tirou um golo à Islândia, neste caso intercetando um remate de Magnusson, que se preparava para ficar mesmo na cara de Celton Biai. O jogo partia um pouco e, do outro lado, passados poucos segundos, foi Gonçalo Ramos a não conseguir finalizar, esticadinho no ar, após um passe de Fábio Vieira.

Pelos 68 minutos, Andresson já rivalizava com Celton Biai em número de defesas, ainda que as do português tenham sido de maior dificuldade, negando outro golo, mas a Gonçalo Ramos, numa altura em que Portugal há muito tempo que não permitia que o adversário assustasse.

Estar a vencer por 1-0 não era super confortável, mas Portugal ia controlando o jogo com posse de bola, podendo ter feito mais golos, mas que acabaram por não ser necessários, mesmo que os islandeses, já no desespero, tenham criado muitos calafrios nos minutos finais, já com Andresson na área de Celton e os portugueses a virem um golo anulado, sem guarda-redes adversário na baliza, sem se perceber bem porquê.

Vencer a Islândia por 1-0 pode parecer pouco à primeira vista, mas tendo em conta o jogo, e sobretudo a primeira parte, é um resultado bom, com um grande golo, mas que apenas surgiu depois de um erro adversário numa saída curta. Fica o que interessa: vitória, três pontos e primeiro lugar do Grupo D, com 13 golos marcados e nenhum sofrido.