O capelão da Marinha, que criticou o discurso do almirante Gouveia e Melo sobre o envolvimento de dois fuzileiros na morte do agente da PSP Fábio Guerra, foi exonerado. Licínio Luís tinha feito uma publicação na rede social Facebook no final da semana passada dirigida ao Chefe da Marinha: “O senhor almirante que aguarde pela Justiça. Julgar sem saber não corre nada bem”, escreveu o capelão.

A informação foi confirmada ao Observador por fonte oficial da Marinha. “À data de hoje, 29 de Março, o Sr. Capelão encontra-se exonerado”, avança o ramo. A Marinha confirma ainda que “o senhor Capelão Licínio teve uma audiência com o senhor almirante Chefe do Estado-Maior da Armada”. O encontro terá servido precisamente para abordar as críticas feitas a Gouveia e Melo, mas não impediu que o padre fosse afastado.

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O capelão da Marinha criticou abertamente o Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) pela forma como Gouveia e Melo se referiu aos dois fuzileiros envolvidos na morte de uma agente da PSP, há uma semana e meia. Nas últimas horas, a versão de que o padre Licínio Luís poderia ser exonerado — e até expulso do ramo — geraram uma onda de solidariedade entre atuais e antigos militares daquele corpo de elite — e colocaram o almirante Gouveia e Melo debaixo de fogo intenso. Elementos do corpo de fuzileiros foram ameaçados com “prisão” caso promovessem uma “versão não oficial” dos acontecimentos.

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Esta terça-feira de manhã, o comandante do corpo de fuzileiros convocou alguns dos militares da unidade e deixou o aviso: horas depois de o capelão ter reunido com Gouveia e Melo — e, segundo apurou o Observador, depois ter sido ameaçado com a expulsão do ramo —, quem fosse apanhado a passar informações que fugissem à “versão oficial” dos acontecimentos dos últimos dias arriscava um “castigo”, possivelmente “prisão”.

Capelão pede desculpas a Gouveia e Melo e à Marinha

De acordo com o Expresso, Licínio Luís fez uma nova publicação no Facebook esta terça-feira pedindo desculpas a Gouveia e Melo e à Marinha pela forma como se dirigiu ao Chefe do Estado-Maior da Armada.

“É muito importante reconhecer perante a Marinha que errei ao dirigir-me de forma incorreta, inapropriada, interpretativa e pública ao almirante CEMA”, reconheceu o capelão, segundo o semanário, acrescentando que Gouveia e Melo “sempre foi um adepto dos fuzileiros”. “Agora mais a frio”, Licínio Luis defendeu que o CEMA “tomou a única posição possível e ética ao traçar para toda a Marinha uma linha vermelha de comportamento”.

“Nenhuma agressão deve servir de resposta a qualquer ato terceiro, muito menos violência que possa ter contribuído para o falecimento de um agente da PSP”, afirmou. “É tempo da Justiça e do direito à defesa dos arguidos, mas também é tempo de verdade e de redenção”, disse ainda, citando Gouveia e Melo.

Artigo atualizado às 21h49 com o pedido de desculpas de Licínio Luís