O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, apresentou esta quarta-feira ao chanceler alemão, Olaf Scholz, e ao primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, as razões para o gás russo ter de ser pago em rublos, garantindo que não prejudicará as empresas europeias.

“A alteração do mecanismo de pagamento é implementada porque, violando as normas do direito internacional, os países membros da União Europeia (UE) congelaram as reservas cambiais do Banco da Rússia”, explicou o Kremlin num comunicado onde resume uma conversa telefónica de hoje entre Putin e Scholz.

O Presidente russo também falou com o chefe do governo italiano, a quem explicou igualmente os detalhes desta medida, referiu o Kremlin.

Putin assegurou ao líder alemão que esta decisão “não vai piorar as condições estabelecidas nos contratos para as empresas europeias que importam gás russo”, referiu a Presidência russa, que não deu detalhes. “Foi acordado que haverá conversações adicionais entre peritos de ambos os países”, segundo o Kremlin.

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Ainda assim, durante a tarde desta quarta-feira, o governo alemão explicou, em comunicado oficial, que o gás russo continuará a ser pago, pelos países europeus, em euros. Esses pagamentos em euros serão depois convertidos em rublos pelo Gazprom Bank, que não foi “afetado pelas sanções”.

A Alemanha tem sido um dos países mais relutantes em incluir o setor energético nas sanções contra Moscovo devido à guerra na Ucrânia, uma vez que 55% do gás que consome provém da Rússia.

Após o anúncio de Putin de exigir em rublos o pagamento pelo gás russo, a UE rejeitou categoricamente esta exigência, dizendo que constitui uma violação dos contratos existentes.

Além da questão dos contratos de gás, Putin falou com Scholz e Draghi sobre as negociações entre a Rússia e a Ucrânia realizadas terça-feira, em Istambul, bem como sobre “questões relacionadas com a retirada de civis de zonas de combate, especialmente Mariupol”, informou ainda o Kremlin.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.189 civis, incluindo 108 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de quatro milhões para países vizinhos e a ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.