O Tesouro português deverá avançar para uma emissão de dívida a 10 anos, nos próximos dias, depois de o IGCP ter mandatado um grupo de bancos para gerir a operação de financiamento. A confirmar-se, a emissão ocorre numa altura em que a taxa de juro nesse prazo de referência está muito próxima de 1,5%.
Segundo a agência Bloomberg, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) contratou um sindicato bancário composto pelo Barclays, BBVA, CaixaBI, Deutsche Bank, JP Morgan e Santander. São estes bancos de investimento que vão atuar como lead managers, ou seja, vão ser eles a contactar os investidores de forma a angariar o investimento que o IGCP pretende.
Por regra, as vendas sindicadas de dívida pública avançam logo no dia seguinte a ser conhecida a contratação do grupo de bancos, pelo que a emissão poderá avançar esta quarta-feira, com a inauguração de uma nova linha de obrigações do Tesouro com vencimento em 16 de julho de 2032.
Os custos da operação irão depender do apetite demonstrado pelos investidores e da forma como os lead managers conseguirem preencher o livro de ordens, mas normalmente os juros não se afastam muito daquilo que é a cotação dos títulos existentes (já emitidos no passado, noutras emissões ou leilões) e que tenham maturidade semelhante.
Nessas transações, no chamado mercado secundário, os títulos estão a ser negociados entre os investidores com uma rendibilidade implícita de 1,45% – o que compara com os 0,5% a que estavam a ser negociados no início de 2022.
A subida dos juros tem origem na perspetiva de aperto na política monetária por parte dos bancos centrais mais poderosos do mundo, entre os quais o Banco Central Europeu (BCE) e a Reserva Federal dos EUA, que respondem ao agravamento das taxas de inflação. Os vários emitentes soberanos têm registado aumentos nos custos brutos de financiamento, com a taxa a 10 anos de Espanha em 1,56% e Itália nos 2,2%.