O enviado especial das Nações Unidas para o Iémen, Hans Grundberg, disse esta quarta-feira que a trégua de dois meses acordada pelas duas partes do conflito oferece uma “pequena janela” para avançar no sentido de uma paz duradoura.
Numa conferência de imprensa virtual, Grundberg afirmou que a sua perceção da trégua, iniciada em 1 de abril e que levou a uma “redução significativa dos níveis de violência”, apesar da persistência de incidentes armados, é que as partes em conflito “querem que a trégua se consolide”, o que permitiria avançar nas conversações de paz.
Espero que este acordo permita aos iemenitas celebrar o [mês santo do] Ramadão em paz. Esta é a primeira trégua em seis anos e é um momento precioso e precário, esta trégua dá uma pequena janela para inverter a difícil realidade”, prosseguiu.
O diplomata salientou que o acordo de trégua, mediado pelas Nações Unidas, apenas diz respeito às partes beligerantes e não inclui, por enquanto, qualquer comité de verificação internacional, pelo que a responsabilidade de o manter depende apenas “das partes beligerantes”, ou seja, do governo iemenita reconhecido internacionalmente com o apoio da Arábia Saudita e dos rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão.
“Esta evolução positiva é um lembrete da necessidade de que todos os países e partes em guerra devem trabalhar em conjunto pela paz. Esta é uma rara possibilidade para pôr fim a uma guerra longa e brutal. Devem juntar-se de forma positiva, sem ideias preconcebidas”, acrescentou.
Nesse sentido, Grundberg indicou que a ONU já enviou convites para todas as partes se encontrarem, na esperança de conseguir uma reunião “o mais depressa possível”.
A cessação das hostilidades acontece numa altura em que a Arábia Saudita acolhe uma série de consultas intra iemenitas — nas quais os rebeldes não participam — com o objetivo de encontrar um roteiro para pôr fim ao conflito sangrento que provocou milhares de mortos.
Os Huthis, apoiados pelo Irão, recusaram-se a participar nesses encontros, uma vez que o mesmo se realizou na Arábia Saudita, que tem liderado uma coligação militar desde 2015 em apoio ao governo internacionalmente reconhecido do Presidente, Abdou Rabu Mansur Hadi, que está no exílio em Riade.