A Sogrape suspendeu as transações comerciais com a Rússia e a Bielorrússia na sequência da guerra na Ucrânia, que se iniciou a 24 de fevereiro — a gigante dos vinhos é a terceira maior exportadora portuguesa para o país de Vladimir Putin. Ao Jornal de Negócios, João Gomes da Silva, chief commercial officer (CCO) do grupo, esclarece que as vendas e as importações de marcas destas origens “estão neste momento em suspenso” e que a atual conjuntura terá um impacto “significativo” para o negócio, tanto a curto como a médio prazo.

Os parceiros comerciais da Sogrape em ambos os países “não estão visados por nenhuma das decisões até agora tomadas pelas autoridades”. Na origem da decisão está sobretudo o “movimento global da sociedade contra este conflito” e não a “censura a estas empresas em particular”.

A Rússia é o oitavo mercado da Sogrape em volume e em valor — em 2021, representou mais de 6 milhões de euros das vendas da empresa portuguesa, o que representa perto de 2% do total — e tem sido uma grande aposta sobretudo para o vinho Mateus (o país invasor é o terceiro maior mercado para esta marca depois do Reino Unido e de Portugal). Também para as marcas de vinho Verde este é um mercado importante.

A Ucrânia é um mercado de menor relevância para a empresa vitivinícola e tem vindo a perder valor — em 2021, representou menos de 500 mil euros em vendas.

Ao Observador, já antes Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, esclareceu que a Rússia é o 18.º mercado para o vinho português, e  a Ucrânia o 29.º mercado. “Numa análise mais fina, sabemos que a Rússia é o principal mercado para alguns produtores nacionais, em diferentes regiões, mas de baixa importância para outros. Por essa razão, o impacto será muito diferente entre as regiões e os produtores”, disse ao Observador no final de fevereiro.

“As exportações directas para a Rússia em 2021, segundo o INE, foram de perto dos 11 milhões de euros, embora de forma indireta seja vendido mais vinho para esse mercado (vendas para outros mercados, próximos da Rússia, cujo destino final das mercadorias seja a Rússia. Estimamos que o mercado Russo importe cerca de 35 milhões de euros de vinho português)”, explicou ainda Frederico Falcão.

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