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Mapa da guerra. O que se sabe sobre o 44.º dia do conflito

Este artigo tem mais de 2 anos

Von der Leyen e Borrell encontram-se esta sexta com Zelensky em Kiev. Um dos temas na agenda será o ataque desta manhã a uma estação de comboios. Pelo menos 50 pessoas morreram em Kramatorsk.

Devastation In Borodyanka Amid Russian Invasion Of Ukraine
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Este 44.º dia de guerra está a ser marcado pelo ataque a uma estação de comboios na região de Donetsk. Pelo menos 50 pessoas morreram, 5 delas crianças

NurPhoto via Getty Images

Este 44.º dia de guerra está a ser marcado pelo ataque a uma estação de comboios na região de Donetsk. Pelo menos 50 pessoas morreram, 5 delas crianças

NurPhoto via Getty Images

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, viajaram para Kiev, num comboio em que embarcaram na madrugada desta sexta-feira, 44.º dia da guerra na Ucrânia, na estação polaca de Przemysl.

Neste dia em que as autoridades ucranianas anunciaram que retomaram o controlo da região de Sumy, no nordeste do país, está prevista a abertura de dez corredores humanitários, para retirar civis das zonas em perigo. Entretanto, no leste, no Donbass, continua a investida russa, com as forças ucranianas a anunciarem ter, nas últimas 24 horas, repelido sete ataques, nas regiões de Donetsk e Lugansk. De acordo com o governador desta última, apesar de a Rússia estar a acumular forças na zona oriental da região, o controlo manter-se-ás nas mãos de Kiev.

Pelas 10h30, menos duas horas em Lisboa, um ataque com mísseis atingiu a estação de comboios de Kramatorsk, na região de Donetsk, e provocou pelo menos 50 mortos, 5 deles crianças, e cerca de uma centena de feridos. O ataque aconteceu numa altura em que aproximadamente quatro mil pessoas se concentravam no local, a tentar embarcar em comboios para zonas seguras da Ucrânia e foi imediatamente atribuído à Rússia por parte de Volodymyr Zelensky e das autoridades ucranianas. Por seu turno, o Kremlin recusou ter levado a cabo o ataque, que acusa de ter partido das forças militares da Ucrânia.

Eis um ponto da situação, para ficar a par do que de mais importante aconteceu nas últimas horas no conflito. Também pode acompanhar toda a cobertura do Observador, ao minuto, no nosso liveblog:

Zelensky acredita que Ucrânia “vai ser membro pacífico, soberano e reconstruído” da UE

O que aconteceu durante a noite?

  • Volodymyr Zelensky acredita que a Ucrânia será em breve um “Estado-membro” da UE. Sobre o documento que recebeu das mãos da presidente do conselho europeu para o país ser oficialmente parte dos 27, o Presidente ucraniano garante que “vai preparar as respostas muito rapidamente”.
  • Marcelo Rebelo de Sousa também já reagiu à possibilidade de a Ucrânia se juntar à União Europeia, saudando a decisão: “Acho que fez o que devia ter feito”.
  • A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, considerou que o ataque à estação de comboios em Kramatorsk e outros ataques a civis na Ucrânia são “crimes de guerra internacionais que estão a ser cometidos contra um povo soberano que está simplesmente a lutar pela democracia e pelo seu país”.
  • O chefe da diplomacia do Vaticano diz que o governo da Ucrânia já deu garantias de segurança, mas que a viabilidade da viagem do Papa Francisco depende de vários fatores estratégicos.
  • Um total de 6.665 pessoas saíram das cidades ucranianas através de corredores humanitários, anunciou a vice-primeira-ministra Iryna Vereshchuk.
  • Os Estados Unidos da América estão a alargar as sanções sobre a Rússia e Bielorrússia, restringindo as compras a produtos como fertilizantes e ainda voos de aviões aviões norte-americanos detidos.

O que aconteceu durante a tarde?

  • A tarde ficou marcada pela conferência de imprensa entre Ursula von der Leyen, Josep Borrell, o alto representante diplomático da Comissão Europeia, e Volodymyr Zelensky, Presidente ucraniano.
    • Ursula von der Leyen entregou a Volodymyr Zelensky uma pasta com um questionário que o governo ucraniano terá de preencher com vista a uma eventual futura adesão da Ucrânia à União Europeia — e garantiu que o processo avançará muito mais rapidamente do que o normal.
    • A presidente da Comissão Europeia disse estar “profundamente convencida de que a Ucrânia vai ganhar esta guerra, a democracia vai ganhar esta guerra, a liberdade vai ganhar esta guerra”, assumindo ter ficado “profundamente chocada ao ver que em pedaços deixados pelo bombardeamento, os russos tinham escrito ‘pelas nossas crianças’”.
  • O número de mortes no ataque à estação de comboios em Kramatorsk subiu para 50, incluindo cinco crianças, anunciou esta tarde o governador da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko.
  • A comunidade internacional criticou o ataque a uma estação de comboios em Kramatorsk:
    • Boris Johnson disse que o ataque a uma estação de comboios em Kramatorsk pelas forças russas constitui um “crime de guerra” que atacou “indiscriminadamente” civis.
    • Joe Biden afirmou que o ataque a uma estação de comboios em Kramatorsk foi uma “terrível atrocidade cometida pela Rússia”, que atacou civis que “estavam a tentar” sair do local.
    • França caracteriza ataque em Kramatorsk como “crime contra a Humanidade”.
    • O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem a Volodymyr Zelensky manifestando a solidariedade dos portugueses para com o povo ucraniano, na sequência do ataque à estação de comboios de Kramatorsk.
  • O conselho europeu vai realizar uma cimeira extraordinária a 30 e 31 de maio para debaterem a guerra na Ucrânia e a situação energética do bloco.
  • Odessa, uma cidade no sul da Ucrânia, vai impor o recolher obrigatório durante o fim de semana.
  • Cerca de 700 pessoas foram mortas em ataques militares em Chernihiv – no norte da Ucrânia, perto da fronteira bielorrussa — cidade que tem sido bombardeada há várias semanas por tropas russas.
  • A Rússia anunciou a expulsão de 45 diplomatas polacos, uma decisão que surge em resposta a uma decisão semelhante tomada pela Polónia no final de março.
  • A Rússia encerrou os escritórios das organizações não governamentais (ONG) da Human Rights Watch, da Amnistia Internacional e da Carnegie Endowment for International Peace.
  • É oficial: a União Europeia sancionou as filhas de Vladimir Putin, Katerina Tikhonova e Maria Vorontsova. Para além disso, Bruxelas vai aplicar a sanções a mais de 200 indivíduos, maioria relacionados com as repúblicas autoproclamadas de Donetsk e Lugansk.

O que aconteceu durante a manhã?

  • O número de vítimas mortais do ataque com mísseis contra a estação de comboios de Kramatorsk, no leste da Ucrânia, onde às 10h30 desta sexta-feira se concentravam cerca de 4 mil civis, sobretudo mulheres, crianças e idosos, foi sendo atualizado ao longo da manhã. A primeira atualização das autoridades ucranianas falava em 30 mortos, ao início da tarde a contagem estava nas 50 vítimas mortais, 5 delas crianças. Havia ainda cerca de 100 feridos, muitos “sem pernas e braços” disse o presidente da câmara local;
  • Em declarações ao Parlamento finlandês, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu à Europa que lance um “cocktail Molotov” de sanções contra a Rússia, referindo-se ao nome das bombas incendiárias artesanais popularizadas pelos finlandeses durante a guerra contra a União Soviética na Segunda Guerra Mundial;
  • Em “choque” pelas vidas que se perderam na estação de Kramatorsk, Ursula Von der Leyen condenou o ataque “desprezível” e disse que iria entregar as suas condolências a Zelensky, com quem se encontrará ainda esta sexta-feira em Kiev;
  • Na companhia de Josep Borrell, a presidente da Comissão Europeia visitou esta sexta-feira uma vala comum na cidade de Bucha, onde prestou homenagem aos civis e soldados mortos na cidade;
  • Dmitry Peskov, o principal porta-voz do Kremlin, anunciou que a “operação especial” da Rússia na Ucrânia pode terminar num “futuro previsível”;
  • O Conselho da União Europeia adotou o quinto pacote de sanções à Rússia, em que se inclui a proibição de importação de carvão, madeira e vodka;
  • A produtora de alumínio Rusal tornou-se a primeira empresa russa a pedir uma investigação independente às mortes em Bucha e a defender um fim rápido para o conflito;
  • Seguindo o exemplo dos Estados Unidos, o Reino Unido Reino Unido anuncia sanções contra Maria Vorontsova e Katerina Tikhonova, as filhas de Vladimir Putin;
  • A Bielorrússia, aliada de Moscovo, colocou os países da União Europeia e outros 12 na lista de estados considerados “hostis”. Para além da UE, a lista contempla os Estados Unidos, a Austrália, Canadá, Reino Unido, Nova Zelândia, Suíça, Macedónia do Norte, Islândia, Albânia, Noruega, Liechtenstein e Montenegro.

O que aconteceu durante a noite?

  • O presidente Volodymyr Zelensky considerou que a situação em Borodyanka, onde esta quinta-feira foram descobertos 26 cadáveres por entre os escombros de um edifício bombardeado, é “significativamente mais terrível” do que a de Bucha;
  • O presidente da Câmara de Bucha anunciou a descoberta de três locais que terão servido para o tiroteio em massa de civis pelo exército russo e anunciou que tudo indica para que o número de vítimas na cidade, que na quarta-feira se fixava em 320, deverá ser substancialmente mais elevado. De acordo com Anatoliy Fedoruk, na cidade onde antes da guerra moravam 50 mil pessoas só restam agora 3.700;
  • Ursula Von der Leyen e Josep Borrell estão num comboio a caminho de Kiev, onde esta sexta-feira deverão encontrar-se com o presidente ucraniano;
  • A Austrália já começou a enviar para a Ucrânia os veículos blindados que prometeu há uma semana;
  • O exército ucraniano diz que já controla toda a região de Sumy, no nordeste do país — mesmo assim, a situação continua a ser de insegurança, com os trabalhos de remoção de minas terrestres a decorrer;
  • Pelo menos 14 pessoas morreram em áreas residenciais de Kharkhiv, anunciou o governador local;
  • As autoridades de Odessa denunciaram ataque de mísseis disparados a partir do mar, mas não revelaram se a ofensiva provocou vítimas mortais ou feridos;
  • Nas últimas 24 horas, anunciaram as autoridades ucranianas, o exército russo lançou uma série de ataques no Donbass; sete deles, nas regiões de Donetsk e Lugansk, foram repelidos por Kiev;
  • Os Serviços Secretos Militares britânicos estimaram em uma semana o tempo mínimo necessário para que os soldados russos que retiraram do norte da Ucrânia sejam redistribuídos por outras regiões do país. Muitas das forças vão precisar de um “reabastecimento significativo” antes de estarem aptas para voltar a combater, ao que tudo indica no Donbass, acrescentou ainda o Ministério da Defesa britânico;
  • Três comboios que faziam a retirada de civis ficaram durante a noite bloqueado junto à estação de Barvinkove, no leste da Ucrânia, depois do bombardeamento de um viaduto por parte do exército russo;
  • O eurodeputado e ex-primeiro ministro belga Guy Verhofstadt criticou de forma veemente a postura da UE e exigiu uma mudança de estratégia: “Ridículo! Sanções progressivas não vão funcionar com Putin”.

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