As forças russas terão utilizado, pela primeira vez desde o início do conflito, armas químicas na Ucrânia. De acordo com o órgão ucraniano Kyiv Independent, que cita fontes do batalhão Azov, a Rússia espalhou esta substância venenosa através de um drone que sobrevoou Mariupol. O mesmo jornal dá conta de que as vítimas deste ataque estão a sofrer de falta de ar e de problemas de coordenação motora. Poucas horas depois o Reino Unido confirmou que está a trabalhar com parceiros para investigar os contornos do alegado ataque.
Andriy Biletsky, líder do batalhão Azov, disse, citado pelo mesmo jornal, que há três pessoas com sinais claros de envenenamento químico, não tendo o mesmo provocado “consequências desastrosas” para a saúde dos indivíduos afetados.
Mariupol tem estado sob cercada desde o início da invasão da Rússia. Vários edifícios foram já destruídos e as caravanas humanitárias não conseguem entrar na cidade, que atualmente está a ser defendido pelo referido batalhão, além de alguns fuzileiros navais e guardas fronteiriços ucranianos.
Esta informação, também já citada pelo The Telegraph, não foi oficialmente confirmada, mas vários deputados ucranianos partilharam os mesmos dados nas suas redes sociais. A deputada ucraniana Kira Rudik dá conta da utilização de uma “substância desconhecida” na referida cidade, tal como Roman Hryshchuk referiu que “os russos usaram armas químicas em Mariupol”.
The unknown substance was sprayed by #Russians in #Mariupol.
It is reported that people are suffocating.The details are coming up.
— Kira Rudik (@kiraincongress) April 11, 2022
Russians used chemical weapons in #Mariupol an hour ago. Will @NATO respond?
— Roman Hryshchuk (@grishchukroma) April 11, 2022
Denys Pushylin, um porta-voz da autoproclamada República de Donetsk, defendeu, esta segunda-feira, numa intervenção na televisão, que não fazia sentido atacar a central nuclear de Azovstal, em Mariupol: “Podemos perder muitos dos nossos soldados sem fazer qualquer dano ao oponente”.
Em vez disso, Denys Pushylin afirmou que o objetivo devia ser “bloquear a central nuclear” e depois perguntar a “especialistas em química” qual seria a “melhor maneira para tirar os ratos [ucranianos] dos seus buracos”, sugerindo o uso de armas químicas.
⚡️ Russian proxies call for using chemical weapons in Mariupol.
Spokesman for Russia's proxies in Donetsk said on April 11 that it made no sense to storm the Ukrainian-controlled Azovstal plant in Mariupol and instead Russian "chemical forces" should "smoke (Ukrainians) out."
— The Kyiv Independent (@KyivIndependent) April 11, 2022
Se o uso de armas químicas se confirmar, esta decisão coincidiria com a entrada em cena de Aleksander Dvornikov, o novo estratega em que Putin confia para comandar a guerra. No conflito na Síria, o militar autorizou o uso de armas químicas.
No final de março, o Presidente dos EUA, Joe Biden, garantiu que a NATO iria “responder” se a Rússia utilizasse armas biológicas ou químicas, sublinhando que essa “resposta” dependeria “da natureza” da utilização das armas.
Reino Unido tenta confirmar informação. Pentágono monitoriza situação “de perto”
O governo do Reino Unido está a trabalhar com os seus parceiros para tentar “verificar os detalhes” da alegada utilização de armas químicas em Mariupol pelo exército russo, informou a ministra britânica dos Negócios Estrangeiros.
“Qualquer uso de tais armas seria um escalar insensível deste conflito”, declarou Liz Truss, garantindo que, case se confirme a informação, “Putin e o seu regime serão responsabilizados”
Reports that Russian forces may have used chemical agents in an attack on the people of Mariupol. We are working urgently with partners to verify details.
Any use of such weapons would be a callous escalation in this conflict and we will hold Putin and his regime to account.
— Liz Truss (@trussliz) April 11, 2022
Também o Pentágono disse não conseguir “neste momento” confirmar a veracidade das declarações do batalhão Azov. Em comunicado, o porta-voz do Departamento da Defesa norte-americano, John Kirby, afirmou que o Pentágono “tem conhecimento dos relatos que circulam nas redes sociais” e que “vai continuar a monitorizar de perto a situação”.