A história
O sucesso do primeiro espaço, que abriu as portas no início de 2020 na zona dos Anjos, ditou a abertura do segundo, coladinho à Avenida da Liberdade e dotado de mais lugares sentados para os amantes de ramen. Duas amigas estão na origem do conceito do Kapitan Ramen Bistro, Angela Chen Cheng e Yukun Zhang. São ambas chinesas, embora a primeira viva em Portugal desde os 11 anos. E se Angela trabalhou como tradutora num escritório de advogados até se lançar nesta aventura, Yukun já tinha experiência nas lides gastronómicas — além de jornalista tem um bistrô francês de três andares, Chez Maurice, com morada fixa em Xangai.
A iniciativa de abrir um restaurante em Lisboa coube a Angela que desafiou a amiga. Ambas viajaram até ao Japão, mais especificamente a Yokohama, considerada o berço do ramen, para estudar ao detalhe o prato que pretendiam confecionar em solo português (o curso durou um mês). “Era importante saber como é que os japoneses fazem o ramen e que tipo de ramen tínhamos de trazer para cá”, comenta Yukun ao Observador — é sobretudo ela quem cozinha, tanto que foi um total de quatro vezes ao Japão, enquanto Angela foi duas vezes. A maior proximidade geográfica entre a China e o Japão contribuiu para o volume de visitas feitas por Yukun que, durante essas viagens, foi a mais de 50 restaurantes — chegou a engordar oito quilos numa semana de tantos ramen provados. “Adoro ramen, o único problema é que engordo”, lamenta num inglês quase perfeito.
Ainda que Yokohama seja tida como o local de nascimento do popular ramen, as duas amigas reiteram a seguinte mensagem: “Foram os chineses que levaram o hábito de comer massa para o Japão, onde se desenvolveu o ramen”. Em conversa, e em registo de comparação, surge o impulso que Catarina de Bragança deu ao consumo de chá em terras inglesas.
O espaço
O facto de estarem constantemente a receber pedidos de reserva, e de estarem frequentemente sem disponibilidade, fez com que as amigas investissem num segundo espaço sensivelmente dois anos após a abertura do primeiro. O novo Kapitan Ramen Bar tem agora um total de 70 lugares entre sala, esplanada e bancos altos no bar, ao invés de 24, e está na rua Alexandre Herculano — encontrar morada para ele não foi tarefa fácil. Não indiferente à guerra na Europa que tem ocupado os tempos mais recentes, Yukun destaca que o atual senhorio é ucraniano e que na altura em que estavam a tratar do contrato de arrendamento o conflito eclodiu — durante a troca de emails, ele estava a fugir da Ucrânia rumo à Polónia. Yukun, que também é jornalista, reconhece desde logo que esta é uma boa história. E tanto quanto sabem, o senhorio está bem de saúde.
Algumas alterações foram feitas ao espaço para acomodar o espírito do novíssimo Kapitan: pelas paredes estão vários posters alusivos à cultura nipónica, incluindo referências ao universo do “Dragon Ball” e de “One Piece”, e também ao filme “O meu vizinho Totoro” de Hayao Miyazaki — as imagens da série de manga “Naruto” estão a caminho. A isso somam-se cópias de revistas japonesas muito antigas, anúncios vintage e uma parede forrada na íntegra com uma fotografia de uma movimentada rua de Quioto. A par dos candeeiros temáticos, a grande mudança foi feita ao nível do bar, ao qual foi acrescentado um telhado ao estilo nipónico.
A comida
A grande diferença entre o Kapitan Bistro e o Kapitan Bar é que no segundo o ramen vem em três tamanhos — M, L e XL —, à exceção da proposta vegetariana que consiste num formato único (o facto de a cozinha ser maior permite dar mais escolha aos clientes, sendo esta também uma forma de evitar desperdícios). O prato clássico, e o mais famoso, continua a ser o Tonkotsu, que é particularmente difícil de conceber. “Acho que todos os restaurantes no Japão têm a sua própria receita secreta. Depende também de como conseguimos a matéria-prima e os ossos. Fizemos algumas alterações para que o paladar fosse mais facilmente aceite em Portugal”, explica Yukun.
O caldo do Tonkotsu é feito a partir de ossos de porco e leva cerca de 18 horas a ser confecionado. “O tempo que demora a fazer é muito importante e depende do quão forte for a intensidade do lume e da água que colocamos”, destacam. O “Tonkotsu Ramen” (13,50 euros e 14,50 na versão picante) tem uma base de caldo de porco, ovo marinado, fatias de barriga de porco marinado, legumes, bambu, cebolinha e nori. Já o “Miso KaPaitan” (13 e 14 euros na versão picante) tem como base caldo de frango, pasta de miso, fatias de frango, ovo, legumes e nori. O “KapitanVegetarianRamen” (12,90 e 13,50 euros na versão picante) corresponde à opção vegetariana — o caldo é à base de leite de soja e pasta de miso com Tempeh e grão de feijão fermentado.
Da carta fazem ainda parte as tradicionais gyozas de frango (4,50 euros), de porco (4,50 euros) e vegetarianas (4,50 euros), e ainda o takoyaki (4,50 euros) e o mochi (3,90 euros), um bolinho doce feito de arroz, disponível nos sabores chocolate, chá verde e feijão vermelho.
Em breve haverá uma novidade na carta: “Há um picante muito bom, que não se compra cá, é da cidade de origem de Yukun, Sichuan, que é muito famosa pelo picante e pela comida picante. O novo ramen vai ter a mesma base, mas com um nível de picante mais elevado e mais saboroso. Vamos chamá-lo Fire ramen”, diz Angela. No Kapitan não é servido café e como opções alcoólicas destacam-se o saké, o umeshu (licor de ameixa) e a cerveja japonesa Asahi. Já a funcionar, a inauguração acontece a 13 de abril.
O que interessa saber
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Nome: Kapitan Ramen Bar
Abriu: a inauguração oficial acontece a 13 de abril
Onde fica: Rua Alexandre Herculano 17 B, Lisboa
O que é: o novo espaço do Kapitan Ramen Bistro, original de 2020
Quem manda: as amigas Angela Chen Cheng e Yukun Zhang
Uma dica: no novo espaço há mais lugares sentados, passando de 24, no primeiro restaurante, para 70
Contacto: 935 023 636 (reservas)
Horário: de terça a domingo, das 12h às 16h, e das 19h às 22h30
Links importantes: Instagram (https://www.instagram.com/kapitanramen/?hl=pt)